As coisas do amor tem das suas... coisas! As paixões são criadoras, engenhosas, audazes... Não há por aí quem não já, por uma vez que seja, não tenha tido a sua aventura... ilegal e infiel! Aos tempos de jovens de 21 para 22 anos, quem não se deixou embriagar pelos apetites do cio, pelos ardores da paixão, pelo risco de desafiar o perigo?!
O Uíge de 1974 e 1975 fazia bulir as guarnições militares, mas não só: também fervia de calores, e não eram só físicos - os do sol que queimava a tez e fazia escorregar suores corpo abaixo. Também eram os da paixão e do pecado. Sei de quem (mas não digo...) se casamentava em noites e manhãs de histórias irrepetíveis e aqui incontáveis, transpiradas em vales de lençóis que, a falarem, desnudariam algumas virtudes.
O truque era simples, mas aparentemente genial: os «namorados», em pecado mortal pela situação marital de um deles, alugaram, cada qual, o seu apartado postal e, sem gastar sequer o selo, trocavam recados de amor e convites para desnovelarem os seus cios. Simples, como o mais simples. Acordasse ele ávido de desejos e levava carta ao apartado, simulando buscar correio. O preciosismo estava em não mostrar envelope, caso lá não houvesse. Para ninguém desconfiar. O mesmo faria o par do pecado, ambos lá deixando e buscando recados feitos em corações desenhados num relógio.
A seta apontava a hora da «visita»: uma, duas, três, dez... as que fossem. Passadas as 12, duplicava o ponteiro desenhado no papel - invariavelmente uma toalha de mesa, disfarçando um qualquer rabisco de eventual e casual conversa de amigos. O outro ponteiro, indicava o quarto (de hora), se fosse o caso. A meia hora, significava porta aberta à meia noite. Os três quartos de hora revelavam encontro em local certo da cidade!
O esquema era genial e sempre funcionou. Eram amores e cios, que fizeram mais feliz gente que trocava afectos e tórridas paixões, sob a graça do pecado! Mas quem nunca pecou?
3 comentários:
Realmente genial, ó Viegas...
XPTO
Este esquema nem o diabo, que se julga esperto, ousaria pensar! Olhem só o que estas alminhas engendraram! Tá bem, tá!...
CASAL:
Com que então, rápido e audaz?
Quanto a engendrar, é evidente que a juventude ajuda a muitas engenheirices, algumas da quais não podem ser contadas, aqui.
A enfermeira é leitora do blogue e há muito que sabe que não eramos fazendeiros, coisa nenhuma. O que a surpreende, tal era a seriedade do comportamento dos dois militares: ambos altos e ambos de cabelo curto (sempre eramos tropas...), mas de rosto nada parecido - coisa atribuída à diferença de horas do nascimento - um mais saído ao pai, outro à mãe!
XPTO:
Sei quem és, XPTO? És o dos aerogramas (poli)copiados?
Abraços,
CV
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