quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Amores e infidelidades marcadas em relógios de papel...


As coisas do amor tem das suas... coisas! As paixões são criadoras, engenhosas, audazes... Não há por aí quem não já, por uma vez que seja, não tenha tido a sua aventura... ilegal e infiel! Aos tempos de jovens de 21 para 22 anos, quem não se deixou embriagar pelos apetites do cio, pelos ardores da paixão, pelo risco de desafiar o perigo?!
O Uíge de 1974 e 1975 fazia bulir as guarnições militares, mas não só: também fervia de calores, e não eram só físicos - os do sol que queimava a tez e fazia escorregar suores corpo abaixo. Também eram os da paixão e do pecado. Sei de quem (mas não digo...) se casamentava em noites e manhãs de histórias irrepetíveis e aqui incontáveis, transpiradas em vales de lençóis que, a falarem, desnudariam algumas virtudes.
O truque era simples, mas aparentemente genial: os «namorados», em pecado mortal pela situação marital de um deles, alugaram, cada qual, o seu apartado postal e, sem gastar sequer o selo, trocavam recados de amor e convites para desnovelarem os seus cios. Simples, como o mais simples. Acordasse ele ávido de desejos e levava carta ao apartado, simulando buscar correio. O preciosismo estava em não mostrar envelope, caso lá não houvesse. Para ninguém desconfiar. O mesmo faria o par do pecado, ambos lá deixando e buscando recados feitos em corações desenhados num relógio.
A seta apontava a hora da «visita»: uma, duas, três, dez... as que fossem. Passadas as 12, duplicava o ponteiro desenhado no papel - invariavelmente uma toalha de mesa, disfarçando um qualquer rabisco de eventual e casual conversa de amigos. O outro ponteiro, indicava o quarto (de hora), se fosse o caso. A meia hora, significava porta aberta à meia noite. Os três quartos de hora revelavam encontro em local certo da cidade!
O esquema era genial e sempre funcionou. Eram amores e cios, que fizeram mais feliz gente que trocava afectos e tórridas paixões, sob a graça do pecado! Mas quem nunca pecou?

3 comentários:

Anónimo disse...

Realmente genial, ó Viegas...
XPTO

Casal disse...

Este esquema nem o diabo, que se julga esperto, ousaria pensar! Olhem só o que estas alminhas engendraram! Tá bem, tá!...

Viegas (ex-furriel miliciano) disse...

CASAL:

Com que então, rápido e audaz?
Quanto a engendrar, é evidente que a juventude ajuda a muitas engenheirices, algumas da quais não podem ser contadas, aqui.
A enfermeira é leitora do blogue e há muito que sabe que não eramos fazendeiros, coisa nenhuma. O que a surpreende, tal era a seriedade do comportamento dos dois militares: ambos altos e ambos de cabelo curto (sempre eramos tropas...), mas de rosto nada parecido - coisa atribuída à diferença de horas do nascimento - um mais saído ao pai, outro à mãe!

XPTO:

Sei quem és, XPTO? És o dos aerogramas (poli)copiados?
Abraços,
CV