domingo, 20 de dezembro de 2009

A operação na Baixa do Mungage com um Grupo Especial

Alferes Leite, comandante do Pelotão Morteiros 4281 (à direita, de pé). À
direita dele, estão os também alferes Ribeiro e Garcia, ambos da CCS
do BCAV. 8423 e a brindar

A 20 de Dezembro de 1974, iniciou-se a saída do Pelotão de Morteiros 4281, do Quitexe para Carmona. Era comandado por um alferes miliciano açoriano (Leite?) e dele, do pelotão, recordo uma evacuação feita a um dos Grupos de GE, depois de uma operação militar de três dias na Baixa do Mungage, que eu integrava.

A dificuldade de comunicações, na maior parte do tempo da operação, levou a que se levantassem suspeitas e medos quanto ao destino dos militares europeus. O que teria acontecido para deixarem de fazer os contactos de rádio? Teria sido algo de tão grave que o impedissem de os estabelecer? A operação era a nível de batalhão e o grupo GE, sem contactos com a «base», optou por, azimute a azimute, prosseguir ... com duas noites de selva que não deram para pregar olho. Os grunhidos de animais e o piar de algumas aves fizeram delas uma tormenta inenarrável e sofrida.

A falta de ligações, afinal devia-se apenas à densidade da mata e, ao abrir da manhã do terceiro dia e já muito perto do final da operação, lá conseguimos o contacto com a base. Chegados à fazenda do destino, foi de espanto a reacção do alferes do Pelotão de Morteiros, por ver tão poucos militares europeus (brancos) entre mais de 30 naturais.

Foi por Novembro de 1974 esta operação, que registou um incidente com um encarregado de uma fazenda - que ameaçava agredir contratados bailundos. Chegados ao Quitexe e depois de banho e jantar, caí na cama por horas que chegaram à manhã seguinte. Na verdade, há três noites que não pregava olho!

1 comentário:

Casal disse...

De facto, os contactos via rádio, por vezes não eram nada fáceis. Muitas vezes, viamo-nos obrigados a ir para campo aberto, protegidos, para conseguir contacto. Além da densidade das florestas, muitas vezes estávamos condicionados pelas condições atmosféricas e também pelas interferências. Algumas destas eram intencionais para nos complicar a vida!
O facto de não transmitirmos em Código Morse, no Quitexe, criava por vezes alguma dificuldade.
De noite, entre a uma e as seis horas, tornava-se extremamente difícil.