BATALHÃO DE CAVALARIA 8423. Os Cavaleiros do Norte!!! Um espaço para informalmente falar de pessoas e estórias de um tempo em que se fez história. Aqui contando, de forma avulsa, algumas histórias de grupo de militares que foi a Angola fazer Abril e semear solidariedade e companheirismo! A partir do Quitexe, por Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange e Songo! E outras terras do Uíge angolano, pátria de que todos ficámos apaixonados!
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
O Natal de 73 de três Cavaleiros do Norte «fugidos» de Santa Margarida
O Natal de 1974 foi o primeiro que vivi fora de casa. E logo tão longe! A mais de 8 000 quilómetros e sem os sons dos sinos da torre daqui ao lado de minha casa, sem o cheiro das ruas e das flores e dos campos de Ois da Ribeira. E sem os amigos! Sem a neve e o frio, as fogueiras da lareira da cozinha da famíla... Sem o beijar do menino que se ia buscar à manjedoura do presépio da igreja de Santo Adrião, na missa do dia.
O de 1973 fôra vivido a «correr», chegados de Santa Margarida - onde, na véspera, nos apresentámos no Regimento de Cavalaria 4, eu o Neto e o Monteiro, idos do Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOE) de Lamego. Logo quiserem por-nos de serviço mas reagiu o Neto, sempre impulsivo e de coração solto: «Nem pensam nisso. Vamos passar o Natal a casa...».
Que não, que ia «sair à ordem» a nossa nomeação, tínhamos de ficar - assim nos ameaçaram.
Pois «castiguem-nos, façam lá o que quiserem, mas nós é que vamos embora...», ameaçou o Neto, determinado e corajoso. Falando por ele e por nós, ambos bem mais cordatos: «Pior castigo não poderemos ter, que o de ir para a guerra!...», gritou ele, a espumar de alguma raiva.
A «coisa», em Santa Margarida, começou pelo sargento de dia - um furriel miliciano de bigode farto e pernas tortas - e chegou ao oficial de dia. Pois que «tínhamos de ficar de serviço», diziam eles. Não ficámos.
«Com ou sem autorização, vamos embora...», refilou o Neto . E virou as costas, porta fora. Saímos com ele mas voltámos e lá nos deram os passaportes. Já ao fim da tarde de faz amanhã 36 anos, viemos no velho SIMCA 1100 do Neto, sempre a carregar no acelerador, era a gasolina a 4$50 o litro, e virados a norte, a Águeda - de onde o Monteiro arranjou boleia para o Porto, onde o iria buscar um irmão, ido de Marco de Canaveses (a sua terra).
Ao outro dia, era véspera de Natal de 1973 e não sabíamos se seria o último. O nosso destino era a guerra colonial. Mas chegámos até hoje, 36 anos depois!
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1 comentário:
Caro Tomás:
No meu tempo de "guerra", não de dava à manivela! Isso seria, se não estou errado, no tempo do
ANGRC9. Estes, foram sempre mantidos no posto de rádio e serviam apenas para ouvirmos os relatos de futebol e os Parodiantes de Lisboa (lembra-se?), entre outros programas. O modelo que usávamos, penso que no tempo do Tomás também, era o Racal 30 e posteriormente o Racal 38. Isto, se a memória não me está a pregar a partida! Penso que não! Mas afinal, em que modelo é que "manivelava"?
Pensava eu que a Oficina dos Radiomontadores se tinha mantido na Vivenda, mas pelos vistos não.
Afinal, quem ficou na Vivenda?
Pois é, de facto o local não era muito propício às tais "tainadas"! Mas estas também se faziam no posto de rádio durante a noite! Como era área reservada, fechava-se a porta...por causa do frio! É certo que nem sempre deram bom resultado, mas quem anda à chuva, molha-se! Um dia, contarei o porquê destes resultados menos bons!
Boa continuação.
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