Andei a escarafunchar os meus alfarrábios e cliquei na net, por me ter subido à memória a lembrança dos panfletos que eram distribuídos pela mata e nas aldeias de Angola, procurando sensibilizar as populações autóctones para as vantagens de se aproximarem da tropa. Que me lembre, os Cavaleiros do Norte poucos terão distribuído - talvez mesmo nenhum.
O que me lembra - e bem... - é de uma vez (quero jurar que na sanzala do Quimucanda!) fui insistentemente abordado por um idoso, que por ali andava com uma molhada de papéis embrulhada num pano sujo, mal falava Português e insistentemente nos acenava com gestos tímidos.
O dr. Leal dava consultas e distribuía medicamentos pelo povo da sanzala, com aquela bondade e carinho, muito mais que sacerdócio, que tanto o caracterizava, sorrindo e dando palmadas nas crianças, e a insistência do idoso despertava-nos cada vez mais atenção. Por certro, devia querer que lhe desse a ração de combate - pois era isso habitual. Pensei eu... Mas eu já não tinha a minha, dada a alguém lá da sanzala.
A certa altura, dirigi-me a ele - mostrando-me interessado em meter conversa. Só que ele falava dialecto que eu não conhecia e acabámos por entender-nos apenas por linguagem gestual e com ajuda dos mais pequenitos lá da aldeia. O que ele queria mostrar, afinal, era uns panfletos da acção psicológica, dando-nos, com eles na mão, conta do gosto de ter abandonado a mata, algures e num qualquer tempo, para se enquadrar na vida comunitária.
«Os tropa, és boa...», disse ele, sorrindo de vergonha.
Valeu-lhe essa abertura e simpatia, sempre tímida e muito envergonhada, para uma consulta atenta do dr. Leal, que lá lhe deixou uma bolsa de medicamentos para «sarar os doença...».
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