segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

A ida a Carmona, o Escape e a confrontação militar...

Rua do Comércio, em Carmona (agora cidade do Uíge), em 2004

Hoje, o dia de hoje de há 35 anos, foi de reunião do MFA/Angola, no Comando de Sector do Uíge, em Carmona. A primeira de uma série quinzenal - que viria a ser interrompida (ou suspensa?) já nós estávamos instalados no BC12.

A primeira reunião - justamente por ser a primeira... - suscitou curiosidade e expectativa, mas esta pariu um ratinho dos pequeninos. Por ela falaram uns senhores coronéis e capitães, vindos do COPLAD e do MFA/Angola que, a perguntas das patentes mais baixas, moita carrasco... pouco disseram, para além dos slogans revolucionários dos tempos. E com uma intensidade, um deslumbramento, que quase nos pareciam insensatos. A nossa pergunta sacramental era a mesma: quando voltamos a Portugal? Mas ninguém nos sabia responder. Ou queria.

O almoço do dia foi no Escape, restaurante famoso da cidade, na Rua do Comércio - muito frequentado pela sociedade local (da classe média-alta) e por militares que detinham maior capacidade financeira. Era algum luxo, por lá refeiçoar, pois o cardápio não era para todos! Comia-se bem e aproveitava-se para pousar os olhos nas adolescentes que passavam na rua ou por lá se paravam, generosamente sugerindo apetites que não estavam ao nosso alcance.

Agora, ao olhar para a foto tirada do site Sanzalangola, reparo no fundo da rua, mesmo na curva para a esquerda - onde, por 4 ou 5 de Maio de 1975, estivemos sob mira de homens armados e por ali escondidos, quando patrulhávamos a cidade nos momentos mais quentes e dramáticos que por lá vivemos. O nosso poder de fogo esteve quase, quase a soltar-se. Que tragédia dali poderia nascer!!! Disso falaremos em tempo próprio!

3 comentários:

Anónimo disse...

Sou angolano e vivi esses dias na cidade do Uíge e queria ar o meu testemunho de admiração e agradecimento elo que a tropa portuguesa fez pelos civis africanos e europeus nesses dias complicados. Vocês salvaram muitas vidas e só vos podemos estar agradecidos, quem sabe se eu e familiares meus não seríamos algumas das vítimas.
Obrigado por isso.

Anónimo disse...

Nesta rua passei e passeei algumas vezes em dias de folga. Não muito longe daqui, havia um estúdio, a quem confiava as minha "artes" fotográficas.
A. Casal

Anónimo disse...

O Quitexe nunca pode ser esquecido...