sábado, 30 de julho de 2011

O que vai ser da terra e da gente do Uíge?

Alferes Garcia, na porta d´armas do BC12. Atrás, na parada, algumas viaturas da coluna para Luanda

O alferes Garcia era o nosso comandante de pelotão! Homem corajoso, de não dar pé atrás a qualquer perigo. Quis ele adiantar-nos alguns pormenores sobre a operação de saída de Carmona, com a boa nova de que a CCS iria de avião. E foi! Mas queria o Garcia que o PELREC se oferecesse para ir na coluna. Mas não foi!
A 30 de Julho de 1975, na reunião do Estado Maior Unificado, o comando português informou oficialmente a FNLA da próxima e última operação dos Cavaleiros do Norte: a da saída do Uíge, de Carmona.
A reacção foi eufórica, da parte dos fnla´s. Compreende-se: ficavam donos e senhores da sua terra e sem disputa com o MPLA, militarmente derrotado nos incidentes dos primeiros dias de Junho. E da UNITA pouco se falava por lá! Mal existia no norte angolano.
«O que é que esta m... irá dar?!», interrogava-se o Garcia, à conversa comigo e o Neto, num dos últimos serviços do BC12. Dele e nossos. Adivinhavam-se lutas fraticidas e derramamento de muito sangue, depois da saída da tropa portuguesa - que era muito mal-amada pelas comunidade civil mas, na prática, era o seu seguro de vida! 
Um civil angolano, nosso conhecido do Bairro Montanha Pinto, futurou o pior. «Com a tropa portuguesa, a gente sabia com o que contava. Agora, sei não...», queixava-se ele, de amargura estampada no rosto. O que será feito dele?

1 comentário:

Tomás disse...

Bonita foto esta, da porta de armas do BC12. Mais quatro ou cinco metros fora e, recordo, creio ter sido a breda com bipé, esteve ali montada uma autentica máquina de guerra naqueles dias entre 1-6-75 e 15-6-75, não posso precisar o dia exato. A FNLA queria exigir a entrega dos refugiados do MPLA ás suas tropas e tambem as muitas armas apreendidas ao MPLA. Só de liambados, mas enfim... era o que tinhamos.