Tenete Mora e furriéis Neto e Viegas na avenida do Quitexe. Eu e ele de serviço, como se vê pelo armamento
O Tenente Mora era uma figura incontornável do Quitexe. Pelo feitio, pela forma, pela continência, pelo que fazia e não fazia. Pelas ideias e comando que exercia. Um Cavaleiro do Norte inesquecível.
Não há história mais interessante das que a memória leveda no tempo, que não tenha o tenente Mora como personagem. Dele, recordo a mais irónica: quando ele procurou no meu quarto (que também era do Neto) uma rapariga que lá tinha entrado momentos antes, Assim tinham visto os seus olhos. A rapariga, «a moça», na graça dele, era simplesmente... eu. Ou a enternecedora audição do repenique sineiro, no mesmo quarto.
Uma noite, ele de oficial de dia (voluntário) e eu de sargento de dia, aconteceu o trivial das meias noites: por segundos, «falhava» a luz, que era substituída (a pública) pela dos geradores militares. Ligados por um soldado. E assim foi.
«Sabotagem!...», gritou o tenente Mora, à falha de luz, atirando-se para o chão, em posição de combate.
Tínhamos de enfrentar o IN, que, na suposição dele, já nos flanqueva a praça militar, quem sabe se já dentro da parada e prontos a asssinar os nossos soldados, que dormiam na noite quenete, enrolados nos lençóes das casernas.
«Não é nada, meu tenente!!!...», gritei-lhe eu, de pé. E ele, bem mais maduro de idade, compenetradíssimo na sua missão de defesa do Quitexe, a querer rastejar na avenida.
Levou algum tempo até que percebesse o que se passava. O tempo de os geradores serem ligados.
- MORA. João Eloi Borges da Cunha Mora. Tenente do SGE, adjunto do Comandante da CCS. Faleceu a 21 de Abril de 1993, com 67 anos.
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