sexta-feira, 29 de julho de 2011

1000 aerogramas e cartas da jornada africana...

Mosteias, Viegas, Bento, Cruz e Pires, furriéis do BCAV. 8423 no bloco residencial à direita do BC122


A 23, 28 e 29 de Julho de 1975, realizaram-se reuniões de trabalho, preparando a operação de de saída do BCAV. 8423, de Carmona para Luanda. Daqui, chegaram ao Uíge vários oficiais do QG/RMA e, com eles, o comando do BCAV. 8423 esquematizou a rotação dos Cavaleiros do Norte. Uma operação que «não se adivinhava fácil», como se lê no Livro da Unidade.
«Como é que isto vai ser?», era a pergunta que circulava entre a guarnição, por aqueles dias muito apressados, a fazer caixotes para «transportar» a bagagem pessoal. Pedido vulgar, ao tempo, era a da cedência do espaço a que cada militar tinha direito, a troco de negócios algo «chorudos», propostos pelos civis - que, muito naturalmente, queriam pôr a salvo (em Lisboa) alguns dos seus bens. Os mais que pudessem.
Ocorre-me uma proposta que me foi foi feita, para ceder o meu: a de me ser dado um diploma académico. E uma outra: uma carta de condução de pesados. Ainda hoje não sei como isso seria feito, mas era a hora do desenrasca, do vale tudo. Não sei se alguém aproveitou estas inesperadas generosidades.
Sei é que, por estes dias, preparando eu malas para Luanda, me dei com um sério problema: onde pôr o meu correio pessoal, se não tinha espaço?! Valeu-me o Pires, de Bragança, que me cedeu uma mala, de que não precisava, e onde enfiei, ordenados e numerados, os na volta de 1000 aerogramas (e cartas) que acumulava desde Junho de 1974, nos 15 meses de jornada africana e que ainda guardo ali no sotão de casa. E são fonte abundante de informação deste blogue.

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