quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A falta de água na guarnição da Fazenda do Liberato


Aspecto da guarnição militar da Fazenda Liberato
(foto de Luís Patriarca)

Não me engano se lembrar que apenas duas ou três vezes estive no Liberato - fazenda por onde durante anos se instalaram várias unidades militares. E é certo que foi uma revolta da companhia mista lá sedeada em Setembro de 1974, a última de todas, que mais preocupações criou à guarnição do Quitexe.
O Liberato era para lá das matas e do asfalto, a picada metia-nos medos e os barulhos que nos zurziam os ouvidos nem às vezes nos deixavam respirar. E nós que gozávamos o privilégio de «morar» numa vila como o Quitexe, abençoávamos este luxo, mas solidários, sempre, com os nossos companheiros que eram «desterrados» para as ingratas posições militares da mata norte-angolana. Zalala e Santa Isabel, ou Luísa Maria, com as suas diferenças e pluralidades, nunca seriam tão «apetitosas» para a vida de um militar em missão de guerra como seriam o Quitexe, ou Aldeia Viçosa, ou Vista Alegre, ou até a Ponte do Dange - povoações ao longo da estrada do café, asfaltada até Luanda.

Ao nosso tempo, por lá fez jornada a Companhia de Caçadores 209, do RI21 (Luanda), que integrava militares angolanos e alguns quadros da então chamada metrópole - era o caso do Marques (furriel), que era do Caramulo mas foi meu companheiro na escola de Águeda. Noutros tempos, outra gente por lá cumpriu comissão. Em Abril de 1966, por exemplo, por lá estava estacionada a CART. 784, do BCART. 786, e José Lapa veio dar-nos nota de que, sendo embora o mês de época das chuvas, por cruel ironia, começou por lá o racionamento de água.
E porquê? Ora, porque o rio Calambinga não levava a dita, era é só lama, e foram necessárias várias e morosas "operações" para a tentar captar, embora com fraca garantia para se extraírem umas gotas do precioso líquido.
O médico, preocupado e com a sabedoria que tinha sobre a matéria, já engendrara um improvisado filtro e o comando de Engenharia também por lá trabalhou no assunto.
O que não se sofria, para se ter água.
Ver AQUI.
E AQUI.

1 comentário:

FURRIEL DIAS disse...

Camarada de armas eu em Moçambique em Nancatari perto de Mueda,estive 7 meses a beber de a´gua parada,onde os pretos e pretas,tomavam banho e lavavam a roupa e só não estivemos mais tempo,porque entretanto deu-se 0 25 de ABRIL e viemos embora.
Um grande abraço a todos os combatentes.
Furriel Mil.Dias