domingo, 24 de janeiro de 2010

O (não) arame de tropeçar da instrução de Santa Margarida

A capela do Campo Militar de Santa Margarida


Uma coisa que nos palestraram em Santa Margarida, foi a forma e o objectivo de conhecermos (e praticarmos) os princípios e hábitos que teriam de nortear a vida do BCAV. 8423 - que se formava - durante o tempo em que, como unidade constituída, vivesse no RC4 e em Angola.
O princípio era básico: íamos todos para a guerra, pois que nos preparássemos para ela. Os exercícios repetiam-se, no Destacamento Militar e nas redondezas, com simulações de patrulhamentos, operações militares, emboscadas, ordem unida..., socorro, admionistração, essas coisas todas.
A 23 de Janeiro de 1974 registou-se uma inspecção do Coronel de Cavalaria Magalhães Corrêa, da DAC, e do dia recordo um acontecimento «singular»: ia o PELREC em progressão, num trilho da Mata do Soares (era este o nome?), quando eu e o Neto, com as petulâncias e exageros típicos da idade e a vantagem do conhecimento capitalizado em Lamego (nas Operações Especiais), resolvemos simular um arame de tropeçar, para dar a ideia da atenção com que a progressão devia ser feita.
Então, eu e ele, a certa altura - e num ponto que achámos melhor - galgámos o arame (que não existia) com todos os cuidados, não fosse que o tropeçássemos e rebentasse alguma bomba, muito cautelosamente e sempre em posição de defesa. Um a um, todos os «pelrec´s» o passaram, levantando o pé direito na frente e de olhos fixos no arame. Tudo certinho.
Ao fim do dia, no regresso ao Destacamento, felicitámos a rapaziada pelo êxito da missão - mas sem aparentemente enganarmos o Botelho, que passava por ser um bom guarda-redes de futebol e, se calhar por isso, por ser de olho vivo, desconfiara que não havia arame nenhum - embora também ele «o» passasse. Ao outro dia, explicámos à malta e foi uma risada. Mas desconfio que ainda hoje a maioria do pessoal acredita que o arame estava mesmo lá.

1 comentário:

Anónimo disse...

Assisti aqui a uma missa no domingo de carnaval de 1974... como o tempo passa...
santos