Foto de www.sanzalangola.com
A actividade operacional por estes dias de Janeiro de 1975 era muito reduzida, na área do Quitexe. Estava praticamente limitada a patrulhamentos em estradas de asfalto, embora com alguns incidentes. O mais grave, aconteceu com um camionista que levava armamento escondido na carga da viatura.
As Forças Armadas Portuguesas faziam repetidos patrulhamentos, apeados e transportados, em troços que iam de meio caminho de Carmona (Uíge) até à Ponte do Dange - procurando e garantindo a liberdade de tráfego do itinerário. Montavam-se uma espécie de postos de controle, do tipo policial, e agíamos aleatoriamente, ou quando se suscitava alguma suspeita.
Um dia, por esta altura e ao final de uma manhã, na zona próxima do Dambi Angola, ao aproximar-se um camião entendemos fazer stop. Mas reagiu mal o camionista, insultando "a tropa fandanga", como ele chamava, e, de forma (in)consciente, até a ameaçar-nos com arma. Chegou a haver contacto físico entre ele e um militar e a situação não foi nada agradável.
Acusava-nos de «proteger os pretos» e abandonar os colonos europeus - o que não era verdade. O malote com as armas ficou às nossas ordens e ele seguiu viagem, depois de, via rádio, termos consultado o aquartelamento. Nunca mais soubemos dele. Já por volta de Maio e à entrada de Carmona, outro incidente idêntico aconteceu. Até mais grave e complicado. Na verdade, boa parte da população branca europeia não «via» a tropa com bons olhos. Antes pelo contrário.
3 comentários:
É verdade, confirmo, muitos brancos não viam com bons olhos a tropa portuguesa. Ainda hoje não percebo porque é que muitos retornados não querem regressar à terra onde criaram autenticos "imperios". (Onde foram tão felizes). Porque será que dão a impressão que têm o "rabo preso". Não consigo esquecer a frase "nós não precisamos da tropa para nada", no entanto quando regressamos, atrás da nossa coluna militar vinha outra, civil, e com mais de 20 kilometros (?) +-.
A população branca não era nada simpática com os tropas mas depois viu-se quando foi a fuga de Carmona, atrelados à comuna militar e quando tiveram de se refugiar no BC12.
boa tarde, chamo-me Cecília sou Angolana, estava a ler os vossos comentários fiquei curiosa em um ponto.
será que conhecem o nome do camionista civil que ia com camião de armamento e teve incidente perto de Dambi Angola? ou se por acaso conhecem nomes de alguns motorista civis que habitavam em Carmona nos anos 1962 a 1975
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