segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Atritos graves, em Aldeia Viçosa, entre o MPLA e a FNLA

A estrada do Café, em Aldeia Viçosa (foto de Ivo Morgado)

As relações entre os militantes dos movimentos emancipalistas azedaram logo que se instalaram nas vilas e cidades de Angola. A zona de acção do BCAV. 8423, a norte, a partir da vila-mártir do Quitexe, estendia-se, por Janeiro de 1975, ao longo da chamada Estrada do Café, em asfalto - ligando Carmona (Uíge) a Luanda.
A presença dos Cavaleiros do Norte assentava guarnições em Vista Alegre, com a 1ª. Companhia, ida de Zalala, comandada pelo capitão Castro Dias. Por Aldeia Viçosa, onde continuava a 2ª. CCAV. do capitão José Manuel Cruz. E pelo Quitexe, onde estava a CCS, o comando de Batalhão e, agora, parte substantiva da 3ª. Companhia - a de Santa Isabel, comandada pelo capitão José Paulo Fernandes.
A 26 de Janeiro de 1975, faz hoje 35 anos, registaram-se acidentes com alguma gravidade em Aldeia Viçosa - onde a FNLA abria uma delegação, nesse dia. Os dois movimentos (FNLA e MPLA) não se entenderam quanto à realização de um comício conjunto - depois de nela acordarem - e houve mosquitos por cordas, dando aso a uma situação de atrito considerada grave pelas Forças Armadas Portuguesas. Que intervieram. Intervieram em situação apaziguadora, de risco, mas que foi alcançada.
O momento foi vivido com fundamentados temores e grávido de interrogações, entre a guarnição portuguesa: o que vai acontecer amanhã, se eles não se entenderem? Vai haver paz? As NT vão passar à guerra urbana, depois da guerrilha de mata? A descolonização vai correr bem? Perguntas para as quais não havia resposta e nos constrangia o dia-a-dia.
- MPLA. Movimento Popular de Libertação de Angola, liderado por Agostinho Neto.
- FNLA. Frente Nacional de Libertação de Angola, presidida por Holden Roberto.
- NT. Nossas Tropas, sigla convencionalmente atribuída às Forças Armadas Portuguesas.

1 comentário:

Alfredo Coelho (Buraquinho) disse...

Viegas;lembras-te de um dia um militar da C.C.S. do B.Cav.8423,quando passava em frente da delegação da F.N.L.A. que ficava ao lado da loja da Geninha da Dussol próximo dos correios do Quitexe,e os guerrilheiros da F.N.L.A. estavam a içar a bandeira do partido da F.N.L.A. ,um dos nossos militares ao passar em frente da delegação não parou nem fez continência e os guerrilheiros da F.N.L.A. detiveram-no dentro das instalações deles?A nossa companhia ao ter conhecimento do sucedido,o nosso comandante, Tenente Coronel Almeida Brito,teve que intervir para que o nosso militar fosse libertado,e o caso esteve um tanto ao quanto azedo,até o nosso comandante negociar com os guerrilheiros, dizendo que a bandeira deles não era nacional mas sim de um partido como se fosse de um clube,portanto não tem nada que fazer continência ou pôr-se em sentido. Ao fim de algumas horas o caso lá ficou resolvido e o nosso militar foi então posto em liberdade.Viegas,lembras-te desta passagem? E qual foi a negociação que eles F.N.L.A. tiveram com o nosso comandante? Sem outro assunto; um abraço para todos os cavaleiros do norte, deste vosso amigo Alfredo Coelho (analista de águas).