BATALHÃO DE CAVALARIA 8423. Os Cavaleiros do Norte!!! Um espaço para informalmente falar de pessoas e estórias de um tempo em que se fez história. Aqui contando, de forma avulsa, algumas histórias de grupo de militares que foi a Angola fazer Abril e semear solidariedade e companheirismo! A partir do Quitexe, por Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange e Songo! E outras terras do Uíge angolano, pátria de que todos ficámos apaixonados!
sábado, 30 de janeiro de 2010
O «golpe de mão» nas matas de Santa Margarida
O Inspector Geral de Educação Física do Exército (IGEFE), coronel Paixão (infantaria), fez uma visita inspectiva ao Batalhão de Cavalaria 8423 - que, por estes dias de Janeiro de 1974, se preparava nas matas à volta do Campo Militar de Santa Margarida.
O PELREC, ao tempo ainda fase de formação e auto-(re)conhecimento, crescia em garbo militar - que lhe era infundido pela infinita competência do aspirante miliciano Garcia, «acolitado» em forma e feitio, pelo que eu e o Neto sabíamos «ajudar». Nós, os cabos milicianos...
Não havia exercício técnico, táctico e físico que tivessemos aprendido na dura formação militar de Lamego, que não quisessemos - e conseguissemos... - incutir no espírito dos bravos soldados que se preparavam para a guerra. A Mata do Soares é disso testemunha...
A 31 de Janeiro, estávamos avisados da inspecção e, naturalmente, não queríamos passar por constrangimentos. E muito menos envergonhar o nosso comando, tínhamos de fazer figura. Muito excepcionalmemte, alguns de nós estávamos autorizados a usar bala real. Não me perguntem como ou porquê. E aquilo - a bala real... - impunha respeito e matava medos. Tã, tã, tã tã, tã, tã!!!.... quem ouvisse uma rajada, um tiro, dois, seis tiros de bala real, «sentias-as» bem.
Ora vamos lá ao que conta: estando a inspecção lá em cima, no cimo do monte, a ver não sei o quê nem quem, passou pela cabeça de alguém (não me lembro quem, mas foi entre o Garcia, ou o Neto ou eu...) fazer um golpe de mão ao grupo. Seria o máximo! E poderíamos? E conseguiríamos? E não levaríamos uma porrada? O Garcia, qe era o comandante do pelotão decidiu que sim e os «PELREC´s», pé ante pé, a rastejar por entre matos e árvores, silenciosos, como serpentes e se estivesse em teatro de guerra, subiram o monte a esconder-se dos binóculos inspectivos. Subindo como clandestinos..., rápidos como gamos na escalada até ao poiso dos inspectores!
O motorista e outros não graduados do grupo foram apanhados de surpresa e os oficiais conversavam e riam-se da alguma piada, quando, a poucos metros, soaram tiros de G3: balas reais!!! Disparados por alguém do PELREC. O golpe de mão estava consumado: oficiais e ordenanças estavam nas nossas mãos. Foi a «brincar» mas até pareceu a sério!
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