A ponte aérea de Luanda para Portugal, de Julho a Novembro de 1975, juntou milhares de famílias no aeroporto da capital angolana. Por lá procurei gente conhecida, por mais de uma vez e insistentemente, nos meus últimos dias de África.
Metia dó! A situação em que se encontravam aqueles portugueses, à espera de um avião que os transportasse para Lisboa, era constrangedora. Procurando este ou aquele, perguntava por eles, no meio daquela tanta gente - principalmente mulheres e crianças... -, recebendo respostas que iam da indiferença à raiva, ao insulto ou ao pedido de favor. Era gente traumatizada. lia-se-lhes nos olhos e sentia-se-lhes na alma.
«Negócio» que florescia era o do câmbio - a troca de escudos angolanos (Angolares, como lhes chamávamos) por escudos de Portugal. A 100, 200, 500, até 1000%! Sempre me recusei a esse tipo de aproveitamento e tive, por isso, um incidente, junto ao Pólo Norte.
O Pólo Norte e uma nota de 1000$00 de Angola (angolares),em baixo
Uma noite, um civil europeu reagiu muito mal à minha não receptividade ao negócio de câmbio que me propunha. Chegou a pôr uma mão no meu ombro e a abanar-me, num acto hostil a que respondi com alguma violência.
O homem, sabe-se lá a viver que drama!..., acabou por fugir entre a pequena multidão e eu, que estava com o Rocha e o Pires, fomos ao Pólo Norte comer gelados.
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