Praia da Ilha de Luanda (em Setembro de 1974) e na avenida do Quitexe (em baixo)
A 26 de Setembro de Setembro de 1974, regressei ao Quitexe, de cujos ares e cheiros já tinha saudades. Tinha galgados milhares de quilómetros do asfalto angolano, de Luanda à Gabela e a Nova Lisboa, pelo Lobito, Benguela e outras praças da terra africana que ia deixar de ser portuguesa, e abraçara amigos e familiares, sentara-me e sentira-me em colos de afectos paridos no meu chão natal de Ois da Ribeira.
Sentia-me forte e seguro para as novas (e mais épicas) aventuras!
O avião pousou em Carmona e por lá estava o pessoal da SPM, que me levou de boleia para o Quitexe. Os últimos dias de Luanda, passeei-os pela ilha, com um salto ao Mússulo, e pela Mutamba, pelo Amazonas e a Portugália, explorando os prazeres da mesa e da noite - nas mais das vezes com o meu amigo e saudoso Alberto Ferreira, o Pimpão (que a morte já levou).
Tinhamos - eu e ele... - uma história d´amores que se desnudavam na Núvem (um bar perto do largo Serpa Pinto) e multilpicavam por cios que não se devem aqui narrar. Éramos irmãos gémeos, vejam lá...
«Lá vais tu, pá... Escreve!!!...», disse-me ele, no abraço do fim da manhã, na Base Aérea nº. 9, em Luanda, onde ele fazia tropa, na Esquadrilha de Abastecimento.
O Quitexe «recebeu-me» tranquilo, mas com um turbilhão de notícias, dados pelo Neto, no jantar com os dois Pires e o Rocha - todos abancados na mesa do restaurante do Pacheco, com o inevitável camarão d´entrada e «sobremesa» de bifes com batatas fitas e ovo a cavalo!!! Os stops, a rotação do BCAV., os problemas disciplinares da companhia do Liberato (e mal sabíamos os sustos que íamos ter ao outro dia...), a entrada disfarçada de alguns IN´s no Quitexe, em Aldeia Viçosa e Vista Alegre, o castigo ao Albino (1º. cabo do nosso PELREC), um inopinado ataque a madeireiros europeus e a viatura da JAEA flagelada na Quinta das Arcas, disto tudo se falou. Inevitavelmente, não foram esquecidas as «ofensivas» pseudo-disciplinares aos furriéis.
«Há dias, o Machado ia-se passando com o Luzia...», disse o Neto. O que nem era surpresa: boa parte dos furriéis andava sempre à turra e à massa com os sargentos - que nos queriam trazer de corda curta, amarrados aos seus exageros de autoridade.
Acabámos a noite no bar de sargentos, onde a classe me «obrigou» a pagar rodadas de cerveja e brandys Vital - então muito em moda. Dormi descansadinho. Sabia que, ao outro dia, lá para as cinco da manhã e já de serviço, íamos sair com o PELREC. Em missão de picada e pó, para os lados de Luísa Maria.
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