Avião Boeing 707 dos TAM. Terá sido neste (ou no «gémeo») que voámos de Luada para Lisboa
O Tomás veio agora lembrar as condições, inusitadas, em que se processou a mudança da nossa viagem, de Luanda Para Lisboa, do navio Niassa, para o avião 707 dos Transportes Aéreos Militares - os TAM.
O pormenor escapava-me mas, agora que ele o lembrou, assome-me à memória a visível irritação do comandante Almeida e Brito, na pequena parada do Batalhão de Intendência, no Grafanil, onde nos aquartelávamos.
Conta o (ex-1º. cabo rádio-montador Tomás:
«Afinal, porque é que viemos de avião? Alguém do pessoal de TRANSMISSÕES comunicou com o pessoal do QG e descobriu ou, melhor, veio a saber que os aviões chegavam a Luanda, descarregavam o pessoal que ia substituir-nos e voltavam vazios. Por este motivo - e só por este - o nosso Comandante, tenente-coronel Carlos Almeida e Brito, teve uma zanga séria, após uma reunião em parada, no Grafanil e connosco, no qual ele fez referência de que foi "o ultimo a saber". E foi assim o nosso último "gesto" de que, afinal, também sabemos o que queremos e como queremos. Avião, sim! Barco, não».
Contou o Tomás, está contado.
Por estes últimos dias de Luanda, de minha parte, fui fazendo despedidas do amigos civis: a família Resende, os casais Cândida/Ananias, Carlos Alberto Santiago/M. Rosário, Mário e Benedita e Neca Reis, ainda José Martinho e João Lopes Martins. Da Gabela, fui sabendo notícias das famílias do Mário Neves (irmão de Cecília), Clemente Pinheiro e Anacleto. De Nova Lisboa, falhavam as de Cecília e Rafael (que acabaram por viajar para Lisboa, via Gabão). E rareavam informações sobre os irmãos Manuel e José, primos de meu pai. Muito menos de Ivone, Sérgio e Tito, filhos de Joaquim Viegas, tio de meu pai. E nem sabia de Orlando Rino, ou dos irmãos Óscar e Nélson, assim como dos seus pais (Óscar e Zulmira). Nunca soube, a esse tempo, de Higino Reis - que era funcionário público em Sanza Pombo. Antes ou depois de mim, todos chegaram a Portugal.
Os últimos dias de Angola foram semeados desses constrangimentos, intervalados no ambiente hostil e militarizado que se vivia em Luanda - onde, à boca cheia, se dizia que havia milhares de cubanos, disponíveis e armados para apoiar o MPLA. Nunca vi algum!
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