Baía de Luanda, vendo-se o porto, ao fundo (em cima). Campo Militar
do Grafanil (em baixo)
Os reabastecimentos eram difíceis - por vezes mesmo impossíveis!!!.. - e os militares das classes de sargentos e oficiais tinham de suportar os custos da sua alimentação. Se me lembro bem, recebíamos um pequeno subsídio.
Sendo já dispiciendo relatar os repetidos incidentes e o clima de perseguição e morte que se vivia na cidade, os dramas pessoais e familiares que nos eram narrados por amigos civis, a insegurança que nós mesmos (militares) sentíamos, fixemo-nos nas emoções da tropa «cavaleira» - honrada por méritos que a levaram a louvor da Região Militar de Angola.
Num dos meus últimos serviços no Grafanil - talvez o último, já não me recordo... -, fiquei acordado pela noite adentro e em fartas conversas, revivendo com alguns «pelrec´s» alguns dos momentos mais marcantes da nossa comisssão, começando pelos medos sentidos nos trilhos do Uíge - a partir de operações, patrulhamentos e escoltas do Quitexe... -, continuando pelas amarguras e tragédias (civis) vividas em Carmona e pelas incertezas de Luanda.
Retenho, de memória, um singular comentário do 1º. cabo Soares: «Algumas vezes tivemos a morte ao pé...».
Ele vivera connosco - com o pelotão de atiradores, que ele integrava... - muitas das situações mais delicadas na nossa comissão militar em Angola e esta observação tinha maior valor emocional por se tratar de um dos mais intervenientes militares do PELREC, nem sempre pelas melhores razões, um homem algo ríspido, quase insensível, habituado aos basfonds da Lisboa de então. Mas corajoso!
Passou o dedo indicador pelos olhos e adivinhou-se-lhe a convulsão que lhe fazia doer a alma, ao dizer isto. Como a nós!
- SOARES. Fernando Manuel Soares, 1º. cabo de Reconhecimento e Informação (PELREC). Ver AQUI uma narrativa sobre ele. Está na foto, em cima, com a arma na mão. Em baixo, o (furriel) Viegas.
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