quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O meu curso de Operações Especiais, os Rangers!!!!!



Há 37 anos, faz precisamente hoje, concluí o curso de Operações Especiais, em Lamego. Os Ranger´s!!! Eu e mais 150 militares. Não fui brilhante, fui o que fui: 16º. classificado, com 15,33 valores finais. O Cristovão, com 16,58, foi o melhor de todos nós.
O curso foi extremamente difícil e nem vale a pena lembrar os épicos desafios físicos e psicológicos a que fomos submetidos na instrução e se fizeram lendas nas nossas carreiras militares. Na prova da Dureza 11, tive um acidente e fui obrigado a recolher às «boxes», por dois dias/três, embrulhado em lençóis e a ser massajado e injectado na enfermaria do CIOE. Ainda hoje sofro deste meu desgraçado joelho direito. Porém, quando fui avisado da realização da «diabólica» Pista Ranger, logo me aprontei para a «alta médica» e fui fazê-la a pé coxinho. Ou a fazia, ou perdia o curso... - à nona ou décima semana de onze. Não podia ser!
A minha melhor prova individual foi a do crosse, de 20 e tantos quilómetros, a 22 de Setembro de 1973, desde Colo de Pito (na estrada para Castro Daire e passando pela ponte de Reconcos) a Penude: terceiro classificado, depois do Cristovão, que era do Barreiro (o vencedor), e do Gonçalves, de Chaves e do meu grupo de combate e que tinha ido para Lamego comigo, da Escola Prática de Cavalaria, em Santarém. Foi depois da «baixa», a dois dias do final do curso, e aprontava-me para me deixar andar ali pelo meio do pelotão de 150 homens, quando o alferes Fontes me afoitou: «Vai ganhar, pá!!!! És d´Águeda!!!....».
Corri como doido, com o Cristovão, o Gonçalves, o Praxedes, o Pinto e o Grilo e mais meia dúzia de companheiros - que foram ficando para trás. A seis/sete quilómetros de Penude, estávamos quatro ou cinco na frente e decidimos, os fugitivos: cada qual faz o que quiser, a partir de agora. O Cristovão, como um gamo!!!..., galgou o asfalto a pé ligeiríssimo, de passada larga e agigantando-se - ele, que era um «puto» de para aí metro e 60. Eu e o Gonçalves, puxámos-lhe a rédea. Apanhámo-lo...
O alferes Fontes comandava o nosso grupo de combate, estava a ver ali a consagração dos seus instruendos - incentivado, incentivando.... Um de nós ia seguramente ganhar.
Já estávamos em Penude e, na recta que antecede o corte para o quartel, senti-me forte. Eu tinha sido campeão distrital de corta-mato do desporto escolar e era forte em provas de resistência. 
«Vou ganhar!!...», pensei eu.
Ia «meter» a primeira velocidade e dava o safanão final. Só que quis refrescar-me antes e puxei do cantil, com o azar de partir a corrente que segurava a tampa. Foi mesmo azar!!!! Caiu a tampa, coisa muito pouco usual. E galgou a valeta da estrada, para um baixio. Tive de a ir buscar, descendo a rampa de metro e tal, com mochila e arma a estorvar, até que o descobri entre os ouriços das castanhas...
O Gonçalves, que era camarada dos bons, quis ajudar mas mandei-o embora: «Vai ganhar tu!!....». Mas os segundos perdidos foram preciosos para o Cristóvão, o vencedor.
Depois, ao subir a rampa para o quartel, antes do cemitério, foram-se-me abaixo as pernas. Mas ainda fui terceiro! Era grande a nossa vantagem sobre os mais próximos.
Colectivamente, a minha melhor prova foi a das 24 horas de Lamego. Segundo lugar!!! Com o Pinto, o Couto, o Gonçalves e Arcelino - o Açoreano. O que será feito dele?
- FOTO: O meu primeiro serviço de 1º. cabo miliciano, em Lamego, como sargento de dia ao CIOE (Centro de Instrução de Operações especiais).

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