segunda-feira, 22 de março de 2010

A popular Casa Transmontana de Carmona...

A popular Casa Transmontana da cidade de Carmona (anos 70)

Fala-se muito na popular Casa Transmontana, na Carmona de há 35 e mais anos, vá lá saber-se porquê. Cada um terá as suas razões, mas dizia-se que era uma espécie de estação de serviço, com exclusivo de «mudança de óleos». O que não explica nada à minha curiosidade. Ou pouco.
Lembro-me, todavia, de, uma vez ou outra, nos sentarmos na esplanada que ali se vê, para saborear alguma nocal frequinha com ginguba..., e vermos entrar e sair gente - sempre com passo apressado e sorrisos de boca larga. E de uma noite, por ali perto - que era perto da PSP, se me lembro bem... - ter havido zaragata da grossa, na rua e metendo gente de várias cores; e nomes que se chamavam em vozearia alta e que eu não entendia.
De ver uma mulher cor de ébano e a abanar a anca, sacudindo as missangas e a falar como se fosse para a lua, aos berros de uma euforia estranha, percebendo-se bem que era para uma madame branca, de cabelos alourados de água oxigenada. De esta chamar nomes feios ao que, suponho eu, seria o seu senhor marido. E que ela, a mulher cor de ébano, zaragateando para a oxigenada e sempre a abanar a anca, saracoteando-se, se fez de gazela a correr rua abaixo, fazendo batuque no peito e a gritar como se fugisse de trovoada.
Que nós, por ali aperaltados de manga curta e civil, nos fartámos de rir. E mudámos de «estação de serviço», para não apanharmos alguma gripalhada nos motores. E ficámos a saber o mesmo.

2 comentários:

Anónimo disse...

Foram-se embora para não gripar os motores, ó Viegas, que desculpa tão simpatoca; ou tiveram medo de alguma relação mais esfriada? Eh, eh, eh, eh....
santos

Casal disse...

Penso que cada um terá a sua versão da Transmontana. Para mim, em 1972/1973 era, acima de tudo, um local de encontro. Mesmo que o destino fosse outra qualquer parte da cidade, era ali o ponto de partida. Até os civis com quem eu vinha do Quitexe, faziam a sua primeira paragem naquela esplanada.
Eram as tradicionais nocais enquanto se esperava por mais um amigo e depois lá seguíamos para outro ponto de Carmona que mais nos agradasse. Ou que já tínhamos combinado, como na maioria das vezes acontecia.
Mas voltando à Transmontana, nunca dei por mim a beber cerveja numa oficina!!! Mas dei conta de algumas lindas mulheres da tal cor de ébano (e outras cores) que, de olhos e sorrisos melados, provocavam rubor e suores nos mais recatados! Por amor não seria, concerteza! Era vê-los engolir em seco e limpar as mãos suadas à perneira das calças!
A esplanada era agradável e com boas vistas. E para os mais distraidos, estas até se bamboleavam de modo a que até os cegos as vissem!
A algazarra que o Viegas presenciou devia ser reflexo de forte "paixão" e que terá explodido! Como o calor dilata os corpos, se não havia ar condicionado, era mais complicado! Mas afinal, que diacho se passava na Transmontana?!
O meu amigo Martins que cresceu no Cais do Sodré, garantia que o interior era explosivo...e perigoso!
E era capaz de ter razão, mas as nocais continuavam com o mesmo sabor e continuou a ser o ponto de encontro. E lá nos encontrávamos até com vizinhos (do puto) e que de outra forma não seria possível.
No fundo, seria, penso eu, a Portugália da cidade de Carmona, mas com um estilo ...diferente!