BATALHÃO DE CAVALARIA 8423. Os Cavaleiros do Norte!!! Um espaço para informalmente falar de pessoas e estórias de um tempo em que se fez história. Aqui contando, de forma avulsa, algumas histórias de grupo de militares que foi a Angola fazer Abril e semear solidariedade e companheirismo! A partir do Quitexe, por Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange e Songo! E outras terras do Uíge angolano, pátria de que todos ficámos apaixonados!
quinta-feira, 18 de março de 2010
A faca de mato do Marcos num jogo de futebol de Carmona
«O cronista não é dos que fazem do rancor ao futebol - ou do amor... - um estandarte de intelectualidade e pseudo-progressivismo: joga a bola por brincadeira e vai aos campos de futebol, para se distrair. Ontem, porém, foi (fui) polícia num campo de futebol, em Carmona.
E sabe-se, eu sei, que por detrás do futebol é que as coisas são: são como são. Avisado estava eu e os meus companheiros Almeida a e Marcos para o que poderia acontecer no campo do Futebol Clube do Uíge: bocas, agressões verbais, chatices. Para estarmos atentos e seguros. Para não reagirmos a esse tipo de provocações.
Assim foi ontem, num domingo em que o tempo até ameaçou chuva, pelo final da amanhã. Mas desanuviou ao princípio da tarde desse dérbi, com o Sporting do Negage - o Benfica-Sporting do sítio. O jogo decorria no pelado, com as habituais dúvidas nas leis do jogo fora do campo e a PU a circular ao longo das linhas laterais, por onde se viam alguns militares, muito poucos..., mas muitas bocas do público, ofendendo os tropas. Curiosamente, ou talvez não, principalmente vindas de compatriotas europeus.
A sede levou-nos a um pequeno bar, por lá improvisado: três nocais. Não no-las quiseram servir. Afinal serviram, com desdém que nos ofendeu. «Olhe lá, tá a gozar connosco?...», perguntei eu. Se não estavam, parecia. Seguiu-se uma altercação pouco simpática, algumas palavras azedas, um nervosismo evidente. O Marcos era especialista em puxar da faca de mato e, quando reparei, tinha-a encostada a um outro europeu. A situação controlou-se, mas não sem uma posterior queixa no BC12. Contra nós, claro.
Hoje, já fui chamado e dei explicações ao capitão Oliveira, que me espetou um correctivo. Eu tinha, disse-me ele, que «honrar a farda... e não permitir abusos que pusessem em causa a tropa».
O que se lê acima tem data 18 de Março de 1975 e refere-se à tarde da véspera, de um jogo de futebol do campeonato provincial, durante o qual ouvimos as que não queríamos. Hoje, memoriando esse momento futebolístico, recordo umas trocas de piropos, uns empurrões e um maninho de bocas que nos provocavam, de cabr... e car... para cima. E recordo a protecção dada à arbitragem, no final do jogo. Jogo de que não lembro o resultado. E não posso deixar de sublinhar a atenção e agilidade do Marcos que, num ápice de lince, sem hesitar, puxou da faca de mato, neutralizou o fulano que nos ofendia e ameaçava e, com esse gesto, terá evitado uma turbulência de consequências imprevistas. Era assim, aos Marços de 1975, por Carmona... num domingo de ir ao futebol.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário