A 11 de Março de 1975 registou-se em Portugal uma tentativa falhada de golpe militar, organizada pelo general António Spínola, ex-Presidente da República, aliado à Força Aérea e ao chamado Exército de Libertação de Portugal (ELP), por oposição ao Comando Operacional do Continente (COPCON) e à Liga de Unidade e Acção Revolucionária (LUAR).
O objectivo, sabe-se agora, apontava na tentativa de pôr fim ao governo do 1º. Ministro Vasco Gonçalves, que, lembremo-nos, era defensor de um regime socialista avançado - coisa que nós nem sequer, ao tempo, conhecíamos bem. Lá sabíamos nós o que era isso!!! A missão foi abortada e o golpe foi dado como falhado.
Carmona, nesse dia e alheia às movimentações militares de Lisboa, recebia a restante 2ª. Companhia da Cavalaria - a de Aldeia Viçosa, comandada pelo capitão miliciano José Manuel Cruz. O primeiro Grupo de Combate (pelotão) chegara no dia 2, com toda a CCS, e já se movimentava na cidade - a «receber» desdéns e comentários bem desagradáveis da população civil europeia. Tal qual a malta da CCS...
É "histórica", para nós e por um destes dias, a reacção de uma mãe de família, com filhos e sobrinhos, que se passeava na Rua do Comércio e escarrou ostensivamente para o chão, como se fosse para cima de nós, militares... - um episódio que, ao conhecimento de hoje, seria emblemático da menos boa relação entre a sociedade civil e os militares do BCAV. 8423 - todos os dias industriados para não reagir a provocações.
«Traidores, filhos da p..., cab...», foi o mínimo que nos chamou, ante a raiva do Marcos e do Madaleno, que comigo seguiam para a aula de condução, na Escola de Condução do Uíge - onde eu próprio viria a tirar a minha carta. No mesmo sítio e por ali perto, no cruzamento que dava para a praça da ZMN, viríamos nós a recolher alguns civis a fugir da guerra que lavrava na cidade nos dramáticos dias de Maio e Junho. E, entre eles, vejam lá... a tal família. A vida tem destas coisas!...
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