quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

As várias festas de Natal no Quitexe de 1974...


Alferes Cruz e dra. Margarida Cruz, com o filho Ricardo ao colo. Repare-se na árvore de Natal e no bolo-rei (em cima). Representação de Natal  ao vivo, na sanzala Aldeia, do Quitexe (em baixo)



ANTÓNIO ALBANO CRUZ
Texto

Apesar de não termos o frio e a neve a lembrar o Natal no Quitexe de 1974, cedo começámos a prepará-lo. Recordo a árvore em casa, os enfeites nas oficinas-auto e messe de oficiais e as dificuldades e imaginação que houve na preparação daquela que,  para todos nós, seria a mais marcante e mais festiva quadra do ano, fora do recato familiar.
Recordo a minha esposa Margarida e o nosso amigo Albino Capela, na sanzala Aldeia, no Quitexe, onde davam aulas e, empenhadamente e com muito carinho, encenaram um presépio ao vivo, com coro e muitas canções de Natal.
Recordo ainda a Margarida e as restantes senhoras, esposa e filha do capitão Oliveira, as esposas do tenente Mora, alferes Hermida e sargento-ajudante Machado e, se não me engano, a Irmã Augusta, todas empenhadas a ajudar a preparar os doces e ceia para toda a CCS.
A ceia foi no refeitório.
Penso que estando representados todos os cantos do país, desde o Algarve a Trás-os-Montes, todos se empenharam para que não deixasse de haver referências a cada um dos nossos hábitos e costumes natalícios. Claro que o bacalhau foi rei, mas também não faltou o polvo e outros pratos típicos. Dos doces e para além da aletria, rabanadas, mexidos e sopas secas, ainda veio o queijo, o arroz-doce, o leite creme e outros.
Quanto a bebidas, havia para todos os gostos.
Em conversa com o alferes Ribeiro, recordou-me ele que, nessa noite, a quantidade e variedade era tanta que alguns de nós entraram de gatas nas suas casernas e quartos.
Acho que tudo isto nos ajudou a criar a nossa personalidade, a nossa maneira de ser e estar e a força que agora, nos momentos difíceis que atravessamos, tanto jeito ou falta nos faz.
A todos os companheiros do BCAV. 8423 e em especial da CCS, desejo um BOM NATAL e um FELIZ e PRÓSPERO ANO de 2011.
ANTÓNIO ALBANO CRUZ
Alferes miliciano da CCS do CCAV. 8423

1 comentário:

Tomás disse...

O que o (ex) alferes Cruz diz, è tudo verdade. Como me lembro de toda a azafama das senhoras durante aquele dia no rancho geral.
Para todos os soldados era algo de fascinante vermos que as mesas, salvo muito raras excepções, estavam nesse dia muito limpas. Toda a gente trabalhava, as senhoras principalmente claro. A partir do principio da tarde havia colegas que propositadamente passavam junto ou perto do refeitório só para deliciarem-se com os odores, ou melhor, os cheirinhos a doces, canela, limão, açucar torrado enfim, todos os cheiros que nos eram familiares e que já à muito tempo não os sentiamos. Foi uma noite enesquecível, principalmente depois do "chá" que o nosso Comandante nos brindou depois da sua chegada. (Áh vôces julgavam que eu não regressava; como veêm cá estou e muito bem). Foi desta forma que "festejamos" a noite de Natal de 24-12-74. Para todos os colegas do Bcav 8423 um Santo e Feliz Natal, com muita saúde, grande abraço a todos.