Neto, Viegas e Monteiro, furriéis milicianos no Quitexe, idos de Lamego e Sana Margarida
O ultimo dia de Lamego, foi 21 Dezembro de 1973. Já lá voltei algumas vezes e por lá (res)senti o cheiro do chão que no segundo curso de Operações Especiais de 1973 por lá pisámos, galgando do quartel de Penude, pelas serras e vales das suas fronteiras mais próximas.
Ao dia, já de malas no carro do Neto, comemos na messe de Almacave, bacalhau à Gomes de Sá (comia-se bem, por lá...), dissemos adeus à malta mais próxima e ala para Águeda, com a guia de marcha na mão e uma mobilização para Angola.
Para trás, ficavam cinco meses de instrução (recebida e dada ), um mar de emoções e de dores sofridas, de muitas angústias, também!, e de um enorme orgulho por termos conseguido acabar o curso, bem classificados, sem mácula e preparadíssimos para o que desse e viesse.
A mim e ao Neto, consolava-nos saber que os anos de Angola (para onde íamos) seriam vividos em comum. E assim viria a ser.
Ao tempo, a nossa juventude era medrada no estigma de ir à guerra e para ela nos instruíram: sabíamos ao que íamos.
A viajar no SIMCA 1100 do Neto, de Lamego para Águeda, enquanto o Monteiro seguia para Marco de Canaveses (à vida dele...), lembrámos muitas coisas: a prova do cemitério, a Dureza 11, as 24 Horas de Lamego, os treinos de combate, as aulas e ensaios de minas e armadilhas, os saltos de helicóptero, os rastejamentos nos charcos e sob o arame farpado, as provas nocturnas e a morte do nosso companheiro soldado-cadete - alvejado por tiro de metralhadora, quando, de noite, rastejava no chão de Penude.
«Estamos bem preparados, pá....», dizia o Chico, de mãos no volante do SIMCA 1100 e a acelerar pelas saudades da sua namorada Ni. Até Águeda.
Assim nos sentíamos. Sem medos. E assim fomos para Angola. E voltámos!
Assim nos sentíamos. Sem medos. E assim fomos para Angola. E voltámos!
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