quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

A Comissão do MFA dos Cavaleiros do Norte

 Furriéis Cruz e Viegas na avenida do Quitexe. Atrás, vê-se o
bar dos soldados e o telheiro onde funcionou a escola regimental

Aos primeiros dias de Dezembro de 1974, foi eleita a Comissão do MFA do BCVA. 8423, integrando um oficial, um sargento e um praça. Não sei da data exacta, mas lembro-me bem de o Cruz, o furriel mais velho de todos nós (é de 1951), ter sido eleito o representante da classe de sargentos. E eu, seu modesto e orgulhado suplente.
Houve algum burburinho na eleição pois, de forma subreptícia mas a pretender-se imperativa, fôra sugerido que o eleito da classe deveria ser um 1º. sargento. Mas assim não foi e o Cruz, que era rapaz de muito boa presença e culta conversa, meu amigo de peito, foi o delegado eleito - sendo para ele o meu voto.
Não me lembro dos eleitos dos oficiais e praças do batalhão, mas sei que objectivo dos delegados eleitos era participar nas reuniões do MFA, a nível do Comando do Sector do Uíge, e assim acontecia de 15 em 15 dias.
A primeira, foi a 7 de Dezembro, em Carmona - e eu também lá estive. De uma delas, recordo o comportamento exibicionista de um coronel ido de Luanda, todo cheio de nove horas e ideias para a nossa forma de actuação e relacionamento com os representantes dos movimentos de libertação. Que devia ser assim, devia ser assado. E eu, aldeão e irreverente como era, e se calhar até algo menos respeitador, a perguntar-lhe como podia ele ir de Luanda e dizer a quem estava - e bem conhecia o terreno e as pessoas... -, dizer como agir, como reagir, como decidir.
A questão valeu-me uma severa reprimenda verbal de um capitão, cujo nome não recordo mas ao qual ripostei com alguma animosidade, em conversa de bar, no Comando de Sector.
«Ó pá, deixavas lá o gajo falar... Ele vai ficar e nós ficamos cá...», disse-me o Cruz, já na petiscança do Escape - restaurante de ali perto e onde fazíamos horas para o regresso ao Quitexe. Creio que na viatura do SPM, com era costume.
- MFA. Movimento das Forças Armadas.
- CRUZ. António José Dias Cruz, furriel miliciano mecânico rádio-montador. Natural de Cardigos (Mação) e residente em Lisboa, onde é funcionário da Câmara Municipal.
- CRUZ + VIEGAS. Ver AQUI.

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