Baía de Luanda (foto retirada da net)
E que tal um finalzinho de semana de boémia em Luanda? Que luxo!!! E que desafio, ante a cada vez mais apertada malha persecutória de uns senhores de divisas ligeiramente acima, que muito gostavam de ralar a vida dos furriéis. O risco valia sempre a pena, pela beleza que era a capital, pelos apetites que nos oferecia, pelas noites e pelos amigos que por lá nos aumentavam saudades. E, depois, sempre era um fugidinha ao ambiente de tropa, por muito bom que fosse.
A 28 de Novembro de 1974, uma 5ª.-feira e chegado de uma missão de escolta às brigadas da JAEA que trabalhavam na reabilitação da estrada (picada) para Camabatela, ao fim da tarde, confirmei que estaria de serviço apenas na 2ª.-feira e não foi tarde, nem cedo, aí pensei eu em me aventurar para Luanda, em boleia de um amigo civil que lá ia a um baptizado e voltaria no domingo. Era irrestível!!!Já andava com esta fisgada, há semanas!
Sobrava um problema: como escapar à malha disciplinar? À acção participativa que me tornaria alvo fácil?? Pus o caso ao tenente Mora, que não atou nem desatou. Ao capitão Oliveira, nem valeria a pena - embora tivesse ele de assinar a dispensa - o passaporte. Então?
«Tem alguém que de Luanda possa mandar uma mensagem?», perguntou-me o capitão Falcão, que estava a comandante da Unidade e com quem tinha relações próximas, pela afinidade dele com o alferes Garcia, o meu comandante de pelotão.
Ter, talvez tivesse!! Só que...
A questão resolveu-se com uma simpatia do capitão Falcão, que, de forma oral, disse para o comandante da CCS, à porta do seu gabinete: «Capitão Oliveira, preciso deste homem até 2ª. feira. É preciso algum papel?...». Que não, que não era. E não foi. E lá fui eu, na madrugada de 29 de Novembro de 1974, num Toyota Corolla que nosdemrou umas três horas e tal até Luanda. Pelo caminho, no Úcua, parámos no bar onde trabalhava o Neca Taipeiro, meu vizinho de aqui a 100 metros e que por lá fazia vida - depois de, em 1961, por lá ter sido combatente. E lá foram uma cucas, que fazia calor naquele verão angolano de 1974.
«Tens de estar na formatura das 8...», disse-me o capitão Falcão. E isso sabia eu e lá estive, a 2 de Dezembro desse ano. Chegara meia dúzia de horas antes, depois de jantar em Luanda com o Albano Resende e ter sido apanhado pela boleia do mesmo civil do Quitexe. Quem era ele? Estou a ver-lhe a cara mas não me sai o nome de debaixo da língua.
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