segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O dia 1 de Novembro de 1974...

Fernandes, Guedes, Rabiça, Querido e Belo, furriéis milicianos da 3ª. CCAV. 8423, de Santa Isabel 


A 1 de Novembro de 1974, estive em Santa Isabel - a fazenda onde se instalava a 3ª. CCAV. 8423. Por nada de especial, mas em escolta normal - que lá levou o comandante Almeida e Brito, em qualquer missão, já que dias depois iria de férias para o «puto».
A razão de aqui vir falar disto tem apenas a ver com a pressa que eu e outros militares tínhamos, por nesse dia  ser o 1º. de Novembro - que recomendava recolhimento e oração, aos homens de mais fé. Por mim, ao tempo órfão de pai há relativamente pouco tempo, o dia tinha emoção ainda mais particular. E «precisava» de ir ao cemitério do Quitexe. Como realmente fui, depois de, sem entrar, ter dado uma espreitadela na pequena igreja da vila.
A pressa de Santa Isabel não evitou, porém, que, no bar dos furriéis, se bebessem uns boas cucas, regando mancarra e uma boa sandes de chouriço - entre a algazarra que por lá se fazia. Foi nesse dia que, recolhendo-me eu por uns momentos, em passeio isolado pelo eirado do café da fazenda, fui interrogado pelo Garcia. «O que é que se passa, pá?!!!».
O alferes miliciano comandante do meu grupo de combate, olhara-me da janela da messe de oficiais e alguma coisa notou no meu passo, ou gestos, que o levou atrás de mim. «Nada, nada!!! Nad de especial... desopilo!...». E aproximei-me do Fernandes, que vinha do outro lado, a pensar na sua queda de cabelo. «Eh pá, hoje percebi porque é que a malta do meu pelotão fica a olhar para mim quando lhes pergunto se estão com algum problema...», exclamei para ele.
Na verdade, sendo meu hábito perguntar isso, quando lhes notava comportamentos diferentes, naquele 1 de Novembro de 1974 era eu quem se sentia constrangido e diferente! E emocionado!
- FERNANDES. António da Costa Fernandes, furriel miliciano atirador de cavalaria. Professor do ensino secundário, natural e residente em Lomar (Braga).
- GUEDES. Vitor Mateus Ribeiro Guedes, furriel miliciano de armamento pesado. Residia em Lisboa (Alfama) e já faleceu.
- RABIÇA. Ângelo Tuna Rabiça, furriel miliciano enfermeiro, de Via Real.
- QUERIDO.José Adelino Borges Querido, furriel miliciano atirador de cavalaria, colaborador do Liceu Francês e comerciante por conta própria, residente em Famões (Odivelas).
- BELO. Agostinho Pires Belo, furriel miliciano amanuense, aposentado da administração fiscal, do Retaxo (Castelo Branco).

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