sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

1 141 - O retrato do 1º. comício político de Aldeia Viçosa

Comício em Aldeia Viçosa, a 26 de Janeiro de 1975


O comício de Aldeia Viçosa, realizado a 26 de Janeiro de 1975, teve registo fotográfico - o que se vê na imagem! Ontem à noite, contactei o (alferes) Carvalho e o (furriel) Letras: «Lembras-te de que faz hoje 37 anos que houve desentendimentos entre a FNLA e o MPLA, em Aldeia Viçosa, por causa de um comício?».
Nenhum deles se lembrava!
O Carvalho, «provavelmente estava destacado em Carmona, num grupo de intervenção». O Letras, sem ideia segura do que lhe perguntava, admitiu que «se calhar estava de férias». Afinal, estava por lá e tirou este retrato histórico de um momento do histórico comício. «Não me lembro é de pormenores», acrescentou-me, hoje,  o então furriel «Ranger» da 2ª. CCAV. 8423.
A fala do Carvalho, avivou-me a memória para a (grande) possibilidade de o PELREC lá ter estado nesse dia 26 de Janeiro de 1975. O alferes Garcia, sempre pronto para qualquer resgate da honra militar portuguesa e com a bravura de sempre, chamou-nos, apressado e decidido, a mim e ao Neto: «Formem o pelotão. Vamos sair!!...».
Ordens eram ordens e cumprimos. Mas para onde?, foi a pergunta feita na parada do parque-auto. Explicou o Garcia, com aquele sorriso sempre largo, que respirava e inspirava confiança e cheio de garbo, encostando a G3 na anca direita: «Para Aldeia Viçosa, há lá m...». E, sumariamente, fez saber que havia «grande possibilidade de confrontos entre a  FNLA e o MPLA» e que a guarnição estava desfalcada, porque um pelotão estava em Carmona. Aqui entronco eu a probabilidade de o PELREC ter estado lá nesse dia 26, lá para o meio da tarde desse domingo. Teria sido? Não sei responder, com rigor.
Chegámos e não havia nada, já não havia nada, pois a diplomacia negocial do capitão Cruz e do alferes Machado tinha sanado a crise. 
Agora, releio o que aqui fica como acta e continuo sem me saber responder: o PELREC foi, ou não foi, nesse dia a Aldeia Viçosa. O mais certo é que sim. Foi a um domingo, registaram-se incidentes, tudo parece coincidir. Alguém pode confirmar?
Fosse, ou não fosse nesse dia, deixem-me evocar as sempre empolgantes e galvanizadoras palavras do alferes Garcia, para mim e para o Neto: «Só há fogo há minha ordem!!!! Vamos fazer como aprendemos no Quitexe!!!».
Por Aldeia Viçosa, nessa tarde de domingo, bebemos umas cervejas e regressámos ao Quitexe. O correio do dia, trouxe-se-me o jornal da terra, dando nota das comemorações do 27 de Janeiro, em Águeda. Nesse dia de 1919, monárquicos e republicanos travaram duro combate na então vila. Combate de 10 horas e muitos mortos. Os homens de Paiva Couceiro chegaram a  içar a bandeira azul da monarquia, mas acabaram derrotadas.
Não deixa de ser curioso juntar os dois factos: dois momentos de guerra, distinta guerra e diferentes momentos, que hoje, numa caldeirada da Costa Nova, me vieram à memória, recuando no tempo.
- CRUZ. José Manuel Romeira Pinto da Cruz, capitão miliciano, comandante da 2ª. CCAV. 8423, em Aldeia Viçosa. Professor aposentado, residente em Esmoriz (Ovar).
- MACHADO. João Francisco Pereira Machado, alferes miliciano de Operações Especiais (Rangers). Aposentado da administração fiscal, residente na Amadora.
- CARVALHO. Domingos Carvalho de Sousa, alferes miliciano atirador de Cavalaria, da 2ª. CCAV. 84213, em Aldeia Viçosa, . Promotor de vendas, residente nos Marrazes (Leiria).
- GARCIA. António Manuel Garcia, alferes miliciano de Operações Especiais (Rangers). Agente da Polícia Judiciária, de Pombal de Ansiães (Carrazeda da Ansiães). Falecido a 2 de Novembro de 1979.
- LETRAS. António Carlos Dias Letras, furriel miliciano de Operações Especiais (Ranger), da 2ª. CCAV. 84213, em Aldeia Viçosa. Empresário comercial de mobiliário de escritório, residente em Palmela.
- NETO. José Francisco Rodrigues Neto, furriel miliciano de Operações Especiais (Ranger´s), da CCS. Empresário aposentado, residente em Águeda.

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