sábado, 7 de janeiro de 2012

1 121 - O dia de reunião do MFA/Angola em Carmona

Comandante Almeida e Brito e capitão Falcão (oficial adjunto) no Encontro de 1994. Furriéis Cruz e Viegas, na avenida do Quitexe (em baixo)


A 7 de Janeiro de 1975, o comandante Almeida e Brito (tenente coronel) e o capitão Falcão (oficial adjunto e 2º. comandante em exercício do BCAV.8423) estiveram em Carmona, no Comando de Sector, reunidos com outras unidades, por «necessidade de estabelecimento de contactos operacionais».
O mesmo acontecera no dia 3 e, depois, a 28 de Janeiro. A 5, estiveram em Vista Alegre, na 1ª. CCAV., a de Zalala - comandada pelo capitão Castro Dias. A 23, na 2ª. CCAV., a de Aldeia Viçosa, do capitão José Manuel Cruz. E a 18, no BC12 - que ia ser extinto.
Murmurava-se pelo Quitexe, a esse tempo, a mais que provável deslocação dos Cavaleiros do Norte para Carmona e muito provavelmente para ir ocupar o BC12, tal como efectivamente veio a acontecer. Mas nada de seguro se sabia e a agitação emocional da guarnição era por isso bastante. Do Acordo de Mombaça (aqui ontem falado), pouco sabíamos (ou nada), para além do acordo entre os 3 movimentos que, porém, em armas, se combatiam em Luanda e outros pontos do território.
Almeida Santos, então ministro da Coordenação Interterritorial, comentaria anos depois, sobre a reunião de Mombaça, que "foi quase um milagre conseguir sentá-los (aos líderes dos movimentos) à mesma mesa, porque a guerra civil já estava no auge, principalmente em Luanda, onde já se estavam a matar uns aos outros"
Ao tempo, a guarnição quitexana ansiava por dias a passar rápido e marcava férias do ano. E eu  e o Cruz (ele delegado do MFA e eu suplente) estivemos reunidos em Carmona, no mesmo dia 7 de Janeiro, no Comando de Sector, com um grupo de oficiais do MFA/Angola vindos de Luanda que, na prática, vinham «dar ordens». Que não foram muito bem recebidas e suscitaram uma discussão muito agreste.
«O que é que eles percebiam da situação militar que se vivia na província do Uíge, para lá chegarem e mandar bitaites?», ainda na 4ª.-feira passada nos interrogámos (eu e o Cruz), a almoçar em Lisboa e a recordar os nossos dias de Janeiro de 1975! E já lá vão 36 anos! Do que disse nessa reunião, ouvi polida reprimenda de Almeida e Brito - que, porém, entendi como elogio.

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