quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

1 125 - O Almeida, alferes miliciano e oficial de justiça

Alferes Garcia, 1ºs. sargentos Barata e Aires e alferes Almeida

O Almeida era alferes miliciano. Chegou ao Quitexe em rendição individual, por meados de Julho de 1974, e eu mesmo, casualmente de serviço, o anfitrionei na paragem do autocarro que o fez chegar de Luanda ao solo uíjano e, depois, até à guarnição do BCAV. 8423. 
O alferes Almeida era oficial de reabastecimentos. Matava, mas era a fome!!! Mais tarde, também foi o de justiça e a ele caiu a ingrata tarefa de elaborar processos disciplinares a um alferes e um furriel milicianos. Estávamos em finais de 1974.
Coube-me a mim ser o «secretário» e deveria redigir os autos, nos termos de um RDM que eu manifestamente desconhecia mas que, valha a verdade, muitas vezes nos era atirado à cara pelo capitão Oliveira. E disso - da minha ignorância em termos de elaboração de autos - fiz eu questão de lhe sublinhar, quando fui reclamado à secretaria do comando do BCAV., onde ele trabalhava.
Eu ia lá agora escrever autos!! Um dos arguidos, furriel miliciano, até era amigo próximo e já por uma vez o livrara de apertos, que agora não vêm ao caso.
Falei com o alferes Garcia: «Ó pá, então temos operações, patrulhamentos, escoltas, serviços e ainda tenho de ser escriturário?! E, ainda por cima, o (fulano) é amigo...», disse-lhe eu, comovendo-o para a minha recusa em secretariar o oficial de justiça.
Pusemo-nos a caminho, à fala com o alferes Almeida: «Bem vês, ó Almeida, o furriel está quase permanentemente de serviço e ainda vai ter de fazer isso dos autos?», observou-lhe o Garcia. E tal, e tal, e tal! E eu a ver no que aquilo dava.
O alferes Almeida olhou-me de lado, arrumou uns papéis e sorriu-se. Ele tinha (e tem) um sorriso suave, que se lhe adivinhava cúmplice, e disse: «Pronto, eu faço os autos...». E fez, deixando-me baldado a tal tarefa.
Já agora, o alferes «apanhou» 3 dias de prisão disciplinar, agravada para 8 dias de prisão disciplinar agravada, no Comando de Sector do Uíge. Reside na Figueira da Foz. O furriel «apanhou» 5 dias de prisão disciplinar agravada, depois agravada no CSU - para 10 dias de prisão disciplinar agravada. Faleceu em Amarante, onde residia, a 14 de Julho de 2005.
- ALMEIDA. José Alberto Alegria Martins de Almeida, alferes miliciano. Licenciado em economia e arquitectura, empresário em Albufeira e Cônsul de Marrocos no Algarve.
- ALFERES E FURRIEL. Eram ambos da CCS e intencionalmente omitimos os seus nomes.

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