segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Oa 4 leitões roubados ao Pelotão de Intendência


O 1º. aniversário do Pelotão de Intendência iria ser festejado com muita pompa, no dizer do alferes que o comandava. Foram comprados quatro magros leitões que, de imediato, passaram à fase de engorda.
Iriam (e foram) ser alimentados com produtos da xitaca, restos de comida do rancho geral e da messe de sargentos. Da messe de oficiais, não sobrava nada, diziam, por uma razão que não vem, hoje, ao caso.
Os leitões engordavam a olhos vistos, com um pêlo luzidio que dava gosto ver. De tal maneira, que passaram a ser alvo de cobiça por parte de quatro militares da CCS, que não viravam a cara a um bom petisco. Não havia nada a fazer, o destino dos suínos estava traçado! E não tardou muito que o primeiro caísse nas malhas do quarteto, com tal habilidade que nem o silêncio da noite os denunciou.
«O que é feito do porco, pá?..., como é que o gajo saiu?!...», interrogavam-se os proprietários, por não verem qualquer hipótese de fuga! E voltaram a interrogar-se mais três vezes, tantas quantos os suínos desaparecidos.

Não se conformaram os homens da Intendência e disso deram conta ao capitão! E dali saiu um auto a… desconhecidos! Apenas mais um de muitos autos levantados, alguns tão surreais e cómicos, com o devido respeito, que aqui não vou falar! Certo é que se consumaram as churrascadas, feitas pelas mãos de quem sabia – uma por semana! Mas, contaram-me, nem tudo foram rosas e um dos animais ainda bateu a pata antes de se entregar para repasto. Um dos elementos ter-se-á embrulhado com ele numa luta corpo a corpo, para impedir os grunhidos, acabando mordido e num estado tal que não havia margem para dúvidas: a luta tinha sido travada numa pocilga!
Quando já se acreditava em “crime perfeito”, quis o destino que um elemento do quarteto apanhasse uma bebedeira de “caixão à cova” e, ao exibir a sua valentia alcoólica no bar, exclamasse: «O pá, avance o primeiro que aguente cerveja com eu!…, e com um leitão assado, aberto e de churrasco ainda embocava mais c…….!!!...».
Ao furriel, a jantar mas atento aos excessos, não escapou o deslize e montou-lhe o cerco no dia seguinte, “espremendo-o” ao primeiro bocejo da manhã. Surpreendido e ainda com a boca a saber a papéis de música, logo ali confessou tudo!
«Ó mô furriel…,ó mô furriel!..., eu “esplico”!..., balbuciava o Neves. E explicou mesmo, sem sair da cama!
Afim de evitar punições disciplinares para o quarteto, faria de conta que nada sabia, desde que lhe pagassem os leitões. E pagaram, mas bem inflacionados! O dobro…, garantem ainda hoje! Mas antes assim!
O auto, esse ficou como todos os outros! Esquecido na gaveta!
ANTÓNIO CASAL

(CCS do BCAC. 3879)

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