domingo, 6 de fevereiro de 2011

A carreira de grande futebolista «perdida» no Quitexe

ALVARITO, militardo Quitexe. Equipa do Marinhense de  1970/71, que quase subiu à 1ª. divisão. Em cima, Pinto (treinador), Manuel Joaquim, Carlos Alberto, Vitor Manuel, Parada, José Morais, Ribeiro, Florival, Cardoso e Anacleto. Em baixo, Leitão, Jacinto, Cunha Velho, Naftal, Carapinha, Zeca e Alvarito

ANTÓNIO FONSECA
Texto

Quando escrevemos um texto, corremos o risco de omitir este ou aquele pormenor – também não se pode exigir demasiado da memória -, ou este ou aquele camarada d’ armas. Vem isto a propósito de aqui ter falado do Alvarito, que no Recreativo de Carmona espalhou o seu perfume futebolístico. E digo perfume, sem qualquer favor. Aliás, o termo nem é meu mas sim de quem o via actuar em campo!

Entretanto, recebi uma “reclamação” do meu amigo Matos que não esteve com meias medidas e interrompeu-me o jantar: «ouve lá ó amigo, eu também joguei no Recreativo e não falaste de mim!..., como é?!». Se diz que jogou é porque jogou…mas eu não me lembro, desculpa!
Hoje mesmo, liguei ao Alvarito e convidei-o para almoçar. Entre uma garfada e um copo, fomos desfiando recordações quitexanas, tanto quanto nos permitiu a nossa memória. Umas deixaram-no de boca aberta, outras deixaram-me de queixo caído. Tudo fruto da pirataria que os nossos 22 anos nos permitiam, mas que não posso aqui contar. Mas posso, isso sim, dizer que a minha Companhia tinha por lá outros craques, não tão “luminosos”, é certo, mas que não deixaram os seus créditos por pés alheios. Os furriéis Nelson e Victor, os soldados Silva e Matos, o “cambuta” do P. Morteiros, um outro que não recordo o nome e…o Alvarito. Todos jogaram no Recreativo de Carmona. Era um orgulho para a malta da CCS, mas não tanto para o Capitão que nunca viu com bons olhos o “sucesso” dos homens da bola. E demonstrou-o sempre que para isso teve oportunidade – e quando não tinha, inventava-a! «As coisas que aquela cabecinha ia buscar ao RDM!..., mas acredita que tenho saudades do homem! Éramos uns putos e lá tivemos de ser homens à força! Que tempos pá…que tempos!...», diz-me o Alvarito em tom nostálgico!
Ciente das suas capacidades, ansiava pelo regresso à então Metrópole, disposto a ser profissional, preparando-se técnica e fisicamente. O quintal da casa das transmisões era o seu ginásio, entre uma bananeira e um coqueiro, onde “forrava” o chão com dois ponchos. Tudo corria bem, até ao dia em que uma infantil brincadeira lhe fracturou um pé. Chorou convulsivamente, temendo o pior para o seu futuro no mundo do futebol. E assim aconteceu! O que podia e devia ser tratado, nunca o foi, convenientemente, apesar das atenções do Dr. Leal e de toda a equipa da enfermaria. Outros passos deviam ter sido dados, mas pesou, e muito, o facto de ser soldado “raso”, como viria a reconhecer, já no final da Comissão, o 2º. Comandante, que lhe reconhecia os dotes.

Passados todos estes anos, ainda cuida da mazela que, diz, lhe roubou o seu grande sonho! «Custou-me muito mas valeu a pena ter conhecido o Quitexe e muita malta fixe que lá morava! Se valeu!...», rematou ele, saudoso!


















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