O bar dos praças era espaço de matar muitas mágoas e (quase) todas as dores da saudade, onde se segredavam desgostos e deslumbraram sonhos. Muitos heroísmos por lá se enfabularam, muitos aerogramas por lá foram lidos e escritos!! E quantas fúrias por lá se «esmagaram»!!!, quantos desgostos por lá se embebedaram, para... esquecer!
O bar dos praças, era o bar dos... praças. Tudo dito! Mas não vem ao caso por isso, mas por um princípio de noite de susto, levedado na pequena camarata onde se acomodavam alguns praças, que lhe faziam segurança.
Um deles, o Neves!
O Neves era atirador, mas não ia nunca com o PELREC. Sofria de doença epiléctica, não era aconselhado para patrulhas, escoltas ou operações. E quanto ele sofria isso, quanto ele escondia a sua dor em silêncios que crescentemente o deprimiam. Um dia, aqui contarei a história da uma vez que o Neves foi ao mato. Hoje, lembro uma noite do Quetexe, quando ele, sentado na cama de cima da pequena camarata do bar, sem querer, disparou uma rajada de G3.
O «cavaleiro do norte» que nos lê deve lembrar-se dos mil perigos de morte que se espreitaram: a rajada a silvar no pequeno espaço, a ricochetear uma, duas..., três vezes. Umas 15 a 20 balas a bater nas paredes, nos armários, nas camas, no chão de cimento!!!... Pxxxxeeeeeee, pxiiiiiiiimmmmm, pimpimpim!!!! Os gritos dos soldados ali pousados em repouso e o medo que assaltou a guarnição: estaríamos nós a ser atacados dentro de portas?
Não estávamos, logo se viu. Mas nunca, no tempo da CCS, tanto de medo se alvoroçou o Quitexe. Lembras-te ó Garcia, que eras oficial de dia? Lembras-te, ó Neto, que estavas de piquete!.
- NEVES. José Coutinho das Neves, soldado atirador, natural e residente em Sintra.
- POST. Ver post sobre o Neves, AQUI.
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