sábado, 23 de outubro de 2010

A enfermaria militar de Quitexe e a liamba


Planta de liamba, ou maconha (em cima) e enfermaria do Quitexe (foto de César)


A 23 de Outubro de 1974 houve cinema no Quitexe. E reunião da Comissão Local de Contra-Subversão (CLCS). Desta, naturalmente, pouco sei dizer. Ou nada. Era «coisa» para os comandos e autoridades civis. Nós, jovens militares, pouco sabíamos disso. Mais amantes éramos de um filme no Clube do Quitexe e nem precisava de ser grande «fita». Era sala cheia, pela certa! A tal acção psicológica! A psico!
Acção psicológica era também, diríamos nós, o apoio sanitário e médico permanentenente dado à comunidade civil. Muitas vezes fomos a fazendas e sanzalas, acompanhando o capitão médico Leal, nas suas jornadas de João Semana por terras de Uíge - onde, no Quitexe, era também o Delegado de Saúde.
Os cuidados médicos eram assegurados na enfermaria militar, na transversal da avenida principal para a estrada do café (a de Carmona a Luanda). Vê-se na foto. Era um edifício civil adaptado e que incluía uma enfermaria.
Vem ao caso falar dela, de minha parte, pelo que me aconteceu uma noite - quando, estando de serviço, lá tive de levar um furriel africano (cujo nome não consigo lembrar) e que, totalmente «liambado» entrou numa espécie de coma alcoólico. Curou-o o Florindo, com uns valentas safanões e medicação indicada pelo (furriel) Lopes, depois de um banzé estrambólico do dito «liambas».
- LIAMBADO. Pessoa em estado de excesso de consumo de liamba.
- LIAMBA:A liamba (foto) é uma das formas de consumo de cannabis sativa. É constituída, simplesmente, pelo aglomerado das partes componentes da planta seca, que se fumam em mortalhas de papel, como o tabaco, misturadas ou não no tabaco, ou até com haxixe. A planta era muito abundante na área do Quitexe, também conhecida por maconha e usada por muitos militares. Era uma droga leve comummente fumada pela comunidade civil, que a vendia ou oferecia aos militares.
Há casos de utilização da liamba como activo medicinal e de beleza. 

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