Grupo de contratados do sul (bailundos) para a colheita do café
(foto do blogue «Relembrando Terras do Quitexe»)
(foto do blogue «Relembrando Terras do Quitexe»)
A Comissão Local de Contra-Subversão (C LCS) do Quitexe reuniu a 3, 16 e 23 de Outubro de 1974, não custando adivinhar que os principais problemas debatidos tinham a ver com a segurança e o anunciado exôdo dos trabalhadores das fazendas de café.
Tal facto, e cito o Livro da Unidade, «teve elevado incremento no período, provocando o fecho de algumas fazendas, nomeadamente nas cordas de Zalala e do Canzundo» e também «na zona de Vista Alegre e em muitas outras» - o que provocou a paragem da laboração e, consequentemente, elevados prejuízos económicos.
A altura era, digamos, a da maturação do café e o que mais se temia era que a paragem viesse a afectar a futura colheita, a partir de Janeiro de 1975 - o que lesaria, gravemente, o poderio económico da província, que estava muito concentrado naquele produto. Por alguma razão se dizia que o Uíge era a «capital do café».
Ao tempo, Outubro de 1974, a comunidade civil europeia sentia medrar a instabilidade, a insegurança e os seus medos e as preocupações da maioria dos fazendeiros conduziram, segundo o Livro da Unidade, à «fuga do pessoal dirigente, por julgar que a sua presença não tem justificação e até não será aceite no futuro».
Era, ao tempo, dado como certo que a fuga dos trabalhadores (nomeadamente os bailundos) era forçada pela FNLA. Regista o Livro da Unidade, de resto, que havia «provas absolutas de que é a FNLA que impõe a saída dos trabalhadores rurais, sob coação de morte, se não o fizerem».
É deste tempo, também, uma singular e não de todo inesperada informação do alferes Garcia: «Vamos à fazenda de um gajo que joga duplo!! Olhos bem abertos, hein!!!».
«Como assim?!...», perguntei eu, que nem era inocente de todo.
«O gajo dá dinheiro e alimentação aos tipos. Joga nos dois campos! Está provado... Se calhar até lhes dá armas....», disse o Garcia.
Na verdade, nenhum dos trabalhadores daquela fazenda alguma vez foi ameaçado. Antes e depois! Por lá estacionámos umas horas, o capitão médico dr. Leal fez as consultas que tinha a fazer, distribuiu remédios e afectos, e os trabalhadores sempre por ali andaram muito descontraídos, tal qual o fazendeiro. Pudera!
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