quarta-feira, 23 de março de 2011

O comandante Carlos Almeida e Brito


A 36 anos de distância e amadurecidos pelos anos que nos foram formando, pelas glórias e tragédias da vida, pelas alegrias e saudades da nossa juventude, lembrar Angola e a jornada que por lá nos levou em missão, implica, necessariamente, citar Almeida e Brito, o nosso comandante. E o papel que teve na segurança de pessoas e bens do Uíge.
Nem sempre o entendemos!
Nem sempre aceitámos, de bom grado, a disciplina que exigentemente nos impôs. E quantas recalcitrâncias eu mesmo, então muito irreverente e jovem, lhe afrontei - quando os nossos sentidos de justiça se diferenciaram, em fronteiras que, todavia, nunca se extremaram. Sempre de cara aberta. Frontalmente. 
Almeida e Brito vem hoje a este espaço para lembrar os tempos de Carmona - onde e quando as graves confrontações militares entre MPLA e FNLA molharam o chão da cidade com o sangue de muitos mortos e muitos feridos. E com a tropa portuguesa na primeira frente, em defesa de civis indefesos e segurança dos pontos nucleares da cidade. Sob o seu comando.
Carmona, ao tempo, «escapava» aos incidentes que se multiplicavam por Angola fora e, em algum tempo, era mesmo a única capital de província em que não se tinham registado «batalhas» ou confrontações, mais ou menos graves.
Almeida e Brito foi o grande responsável pela gestão estratégica e militar da cidade. A Março de 1975, diariamente, contactava os dirigentes dos movimentos. Às quartas-feiras, reunia o Estado Maior Conjunto. E dessa estratégia, cito do Livro da Unidade, «tem-se verificado uma boa aceitação das medidas militares tomadas», o que, como naturalmente se conclui, originou «um clima de paz», que, de resto, «foi exemplo para terceiros».
Foi o grande comandante, no momento mais trágico, com a serenidade dos competentes, a coragem dos que não temem o perigo - antes o enfrentam em qualquer trincheira.
Por alguma razão, a 9 de Setembro de 1995, no 1º. Encontro dos Cavaleiros do Norte, foi citado como «o comandante maior».
A nossa continência, comandante Almeida e Brito!
- ALMEIDA E BRITO. Carlos José Saraiva de Lima Almeida e
Brito, tenente-coronel e comandante do Batalhão de Cavalaria
8423. Atingiu a patente de general e, depois da jornada de
Angola, foi, entre outros cargos, 2º. comandante da Região
Militar Centro, 2º. comandante geral da GNR e comandante
da Região Militar Sul. Faleceu a 20 de Junho de 2003,
subitamente e durante um passeio em Espanha. 

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