chegada ao Grafanil, 1 de Junho de 1974
As estadias no campo militar do Grafanil deixaram várias recordações, as da chegada e as da partida.
As baldas permanentes para a Luanda, tentando conhecer a cidade e os seus prazeres de vida, foram peripécias da chegada. Até nas vacinas me baldei, como na contra o sono da mosca tsé-tsé, e não sei se hoje estou a pagar a factura, pois tenho problemas em dormir demasiado.
Nestes 4 ou 5 dias, na ilha de Luanda, pude comer lagosta, coisa que fazia pela primeira vez na vida, e beber canhângulos (cerveja em grandes jarros) e marisco com fartura! Foram o alento para a partida para Zalala.
O Grafanil e cidade de Luanda tinham quase tudo para que se pudesse levar uma rica vida de serviço militar.Todavia, o meu destino não era esse e lá fui parar a Zalala. No regresso ao Grafanil, em Agosto de 1975, a realidade era muito diferente, passados os 14 meses que estivemos no norte de Angola. Para pior.
Quando chegámos ao aquartelamento que nos estava destinado, encontrámos um autêntico caos. Como na altura tinha como missão a parte alimentar da companhia, vim para Luanda de avião (DC6 ) da Força Aérea, para preparar (com a restante equipa) a chegada da última coluna de tropa portuguesa, que incluía a minha companhia e tinha partido de Carmona. Nem imaginam a porcaria e lixeira que os últimos soldados lá deixaram. Fizeram a última refeição e deixaram tudo como acabaram a mesma, pratos e panelas com comida e todo o resto,até já germinavam plantas nos restos. O bolor era patente em todos os utensílios.
Passámos dois dias só para fazer uma ligeira e razoável limpeza ao refeitório e cozinha.
AMÉRICO RODRIGUES
Furriel miliciano atirador de cavalaria,
da 1ª. CCAV. 8423 (Zalala). Residente em
Vila Nova de Famalicão
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