BATALHÃO DE CAVALARIA 8423. Os Cavaleiros do Norte!!! Um espaço para informalmente falar de pessoas e estórias de um tempo em que se fez história. Aqui contando, de forma avulsa, algumas histórias de grupo de militares que foi a Angola fazer Abril e semear solidariedade e companheirismo! A partir do Quitexe, por Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange e Songo! E outras terras do Uíge angolano, pátria de que todos ficámos apaixonados!
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Capitão miliciano Castro Dias, comandante da 1ª. CCAV. 8423 estacionada em Zalala
Davide de Oliveira Castro Dias, capitão miliciano de Infantaria, foi o comandante da 1ª. Companhia de Cavalaria, estacionada em Zalala - o mais temido local de qualquer sub-unidade do Batalhão de Cavalaria 8423, onde comissionou a soberania portuguesa em "circunstâncias nem sempre favoráveis".
O louvor oficial que lhe foi atribuído pelo comandante de batalhão refere "o isolamento inicial" da 1ª. CCAV. 8423 e, depois, o facto de «ter transitado para zonas particularmente delicadas", onde "foi zeloso cumpridor do processo de descolonização", o que "nem sempre se mostrou fácil de conseguir".
O capitão Castro Dias era oficial de comando firme, de atitudes corajosas e decisões sem uma dúvida. Era homem de palavra solta e piada fácil, sempre com disposição em alta, genéticas que se lhe desprendiam da alma e foram multiplicadoras de afectos que distribuía por oficiais, sargentos e praças de Zalala.
Pouco convivi com ele - por Zalala passei meia dúzia de vezes e, naturalmente, acamaradava mais de perto com os furriéis da minha escola militar - mas conheci-lhe melhor o feitio e o modo por 1995 e 1996, quando se organizaram o primeiro e o segundo encontros do Batalhão.
O que posso dizer, sem quaisquer lisonjas e sem ferir (i)modéstias, é que felizes seriam os seus comandados. Que, aliás, lhe tributavam respeito e admiração, em sinal de efectiva e afectiva envolvência solidária e camaradagem viva.
A sua saúde, por Angola, era algo precária mas nem isso, como sublinha o louvor oficial, impediu que bravamente "procurasse sempre as melhores condições para os problemas, torneando as dificuldades logísticas por vezes vividas, de modo a obter as melhores condições de vida para os seus subordinados, que muito estima".
Nem essa "frágil saúde" constituiu, aliás, "motivo de abrandamento da sua acção de comando", pelo que, e cito o documento assinado pelo comando do BCAV. 8423, "se credita merecedor de ver os serviços prestados à RMA, enaltecidos pelo presente louvor".
E aqui fica o nosso, também, a um miliciano que nas duras e dramáticas circunstâncias da guerra e do isolamento, mesmo assim corajosamente ousou enfrentar todas as adversidades, de forma assumida, garbosa e distinta, partilhando-se generosamente para defender os seus homens e garantir-lhes ordem, disciplina e moral - em tempos que não eram fáceis, antes eram de convulsão, dúvidas e alguns medos.
Dos bons se faz a história!
A minha continência,
(capitão) Castro Dias!
- CASTRO DIAS. Davide de Oliveira Castro Dias, capitão miliciano de Infantaria, comandante da 1ª. CCAV. (na Fazenda de Zalala, norte de Angola) do BCAV. 8423, sedeado em Quitexe. É professor aposentado, dirigente sindical e residente em Rio Tinto.
- RMA. Região Militar de Angola.
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1 comentário:
Grande capitão miliciano, defendia os tropas como que defendia a família e julgo saber que teve alguns problemas com o comandante por causa disso...
O Viegas fez muito bem em vir recordar estes homens que eram milicianos como nós e tinham de ficar emparedados entre os comandantes superiores e os milicianos.
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