quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Capitão miliciano Castro Dias, comandante da 1ª. CCAV. 8423 estacionada em Zalala

Capitão Castro Dias no Encontro de Águeda, em 1995


Davide de Oliveira Castro Dias, capitão miliciano de Infantaria, foi o comandante da 1ª. Companhia de Cavalaria, estacionada em Zalala - o mais temido local de qualquer sub-unidade do Batalhão de Cavalaria 8423, onde comissionou a soberania portuguesa em "circunstâncias nem sempre favoráveis".
O louvor oficial que lhe foi atribuído pelo comandante de batalhão refere "o isolamento inicial" da 1ª. CCAV. 8423 e, depois, o facto de «ter transitado para zonas particularmente delicadas", onde "foi zeloso cumpridor do processo de descolonização", o que "nem sempre se mostrou fácil de conseguir".
O capitão Castro Dias era oficial de comando firme, de atitudes corajosas e decisões sem uma dúvida. Era homem de palavra solta e piada fácil, sempre com disposição em alta, genéticas que se lhe desprendiam da alma e foram multiplicadoras de afectos que distribuía por oficiais, sargentos e praças de Zalala.
Pouco convivi com ele - por Zalala passei meia dúzia de vezes e, naturalmente, acamaradava mais de perto com os furriéis da minha escola militar - mas conheci-lhe melhor o feitio e o modo por 1995 e 1996, quando se organizaram o primeiro e o segundo encontros do Batalhão.
O que posso dizer, sem quaisquer lisonjas e sem ferir (i)modéstias, é que felizes seriam os seus comandados. Que, aliás, lhe tributavam respeito e admiração, em sinal de efectiva e afectiva envolvência solidária e camaradagem viva.

A sua saúde, por Angola, era algo precária mas nem isso, como sublinha o louvor oficial, impediu que bravamente "procurasse sempre as melhores condições para os problemas, torneando as dificuldades logísticas por vezes vividas, de modo a obter as melhores condições de vida para os seus subordinados, que muito estima".
Nem essa "frágil saúde" constituiu, aliás, "motivo de abrandamento da sua acção de comando", pelo que, e cito o documento assinado pelo comando do BCAV. 8423, "se credita merecedor de ver os serviços prestados à RMA, enaltecidos pelo presente louvor".

E aqui fica o nosso, também, a um miliciano que nas duras e dramáticas circunstâncias da guerra e do isolamento, mesmo assim corajosamente ousou enfrentar todas as adversidades, de forma assumida, garbosa e distinta, partilhando-se generosamente para defender os seus homens e garantir-lhes ordem, disciplina e moral - em tempos que não eram fáceis, antes eram de convulsão, dúvidas e alguns medos.
Dos bons se faz a história!
A minha continência,
(capitão) Castro Dias!
- CASTRO DIAS. Davide de Oliveira Castro Dias, capitão miliciano de Infantaria, comandante da 1ª. CCAV. (na Fazenda de Zalala, norte de Angola) do BCAV. 8423, sedeado em Quitexe. É professor aposentado, dirigente sindical e residente em Rio Tinto.
- RMA. Região Militar de Angola.

1 comentário:

Cavaleiro disse...

Grande capitão miliciano, defendia os tropas como que defendia a família e julgo saber que teve alguns problemas com o comandante por causa disso...
O Viegas fez muito bem em vir recordar estes homens que eram milicianos como nós e tinham de ficar emparedados entre os comandantes superiores e os milicianos.