A 7 de Novembro de 1974 participei numa reunião do MFA/Angola, no Comando de Sector do Uíge (em Carmona), para a qual tinha sido eleito. Tudo aquilo era novo para mim, que sempre fui curioso de coisas novas mas ali me senti quase a mais. Vieram de Luanda uns senhores oficiais, que falaram, falaram, sem eu entender grande coisa.
A grande expectativa da tropa era, inevitavelmente, saber quando regressávamos a Portugal. Já havia o cessar-fogo, a guerra era coisa que não nos interessava nada, o que queríamos era vir embora. Que viessse lá a descolonização e o avião para Lisboa.
A esse nível, a tal reunião foi uma grande decepção. E eu evidenciei-me não pelo tom empolgado de muitos companheiros milicianos, que como eu não entenderiam as palavas bonitas e revolucionárias dos oficiais vindos de Luanda que para nós falavam, mas precisamente porque fui dos poucos (para não dizer o único) que não botei palavra. Na verdade, estava decepcionado.
Seguiu-se um breve «scotch com gelo», aproveitado para algumas trocas de impressões - e eu por ali a cirandar meio misantropo. Perguntou-me qualquer coisa, a dada altura, um dos oficiais de Luanda. A que respondi como pude. E perguntei-lhe se conheciam, lá em Luanda onde Rosa Coutinho fazia o que queria, se por acaso sabiam o que se passava na área do Quitexe. E pintei-lhe a manta com os dramas dos anos 61, 62, 63 que eu conhecia bem, de muitas leituras - acrescentando-lhe o sal dramático dos nossos dias. Pintei a dita manta como pude! Foi razão para, ainda nesse mês de Novembro, ser chamado a razões que um destes dias narrarei. E que voltaram a chapar-me na cara escritos meus sobre o drama dos produtores florestais do Préstimo, na serrania de Águeda e «coisa» que nada tinha a ver com o meu papel no MFA. Aliás, irrelevante!
1 comentário:
Neste "Comando Sector Uíge", como era conhecido, almocei muitas vezes quando andei no correio. Sempre era melhor do que no Quitexe, mais limpo menos poeira a entrar para os nossos pratos. O SPM era lá no canto à esquerda ao fundo da foto. Quando estavamos para vir embora soube que o 1º Sargento do SPM tinha falecido. Na altura fiquei triste porque dava-me bem com ele, para mim era um bom homem, ao contrário de outros, que nós conhecemos.
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