O Clube Recreativo era o Cinema do Quitexe (foto de António Rei, tirada em 2005)
O salão do Clube Recreativo do Quitexe era a casa dos sonhos, onde acontecia o encanto, a beleza, a arte e todos os demais predicados que se podem atribuir ao cinema.
Três vezes por semana havia cinema. O filme vinha de Luanda e quando chegava, vários «Cavaleiros do Norte» se prontificavam a espalhar os cartazes de anúncio. Perguntarão alguns amigos: «Como é que ele sabe isto?
Pois! Durante cerca de sete meses ajudei a projectar os filmes que por lá passaram, e foram muitos. Foram muitas e muitas horas de filme e cuidados técnicos para que todos os «cavaleiros» e civis pudessem, dentro dos possíveis, usufruir de uma noite de cinema em tão precárias condições.
Tudo começou com o Mendes (?). eletricista-auto, do Casal Ventoso. Um dia convidou-me para ir falar com o responsável do cinema (o pai da Dussol) porque o som era "foleiro". Mas a realidade era outra, estava tudo tão velho e deficiente que havia a necessidade de assistência técnica permanente, devido à falta de acessórios no meio de África.
Já aqui foi dito mas vou repetir, quem projectava o filme era um «velhote» chamado Filipe e que o que ele queria era beber umas Nokais e dormir uma soneca. Era injusto a rapaziada pagar bilhete e ouvir-se mal, a imagem era péssima pois falhava a luz na projecção, etc. Hoje só lamento ter feito tanto sem nunca ter... mas se muitas vezes o fiz foi por amizade à grande maioria dos companheiros, que mereciam o melhor, principalmente aos que chegavam do mato.
RODOLFO TOMÁS
Texto
2 comentários:
Os problemas do Cinema já vinham de longe, pelo que ouvia. Aos Radiomomtadores, era já habitual pedirem uma ajudinha para a coisa não parar. Mas acho que passou a não ser de borla porque um deles não esteve pelos ajustes. Tantas vezes os chamaram, até que apresentaram o seu preço. Chegou a ser quase um ponto de encontro de guerrilheiros em 1972/73 (pelo menos)! Pareceu-me até que havia ali um controle apertado. A propósito de sala de Cinema, penso que a primeira se situava quase em frente ao Bar do Rocha, mas afastada da estrada. Era muito pequena e sem condições de qualquer espécie.
Antonio Casal
Nota: A fotografia foi tirada por Ivo João
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