

BATALHÃO DE CAVALARIA 8423. Os Cavaleiros do Norte!!! Um espaço para informalmente falar de pessoas e estórias de um tempo em que se fez história. Aqui contando, de forma avulsa, algumas histórias de grupo de militares que foi a Angola fazer Abril e semear solidariedade e companheirismo! A partir do Quitexe, por Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange e Songo! E outras terras do Uíge angolano, pátria de que todos ficámos apaixonados!
A 1 de Junho de 1996, as quatro companhias do Batalhão de Cavalaria 8423 confraternizaram no Barracão (Leiria), reunindo-se cerca de 400 pessoas - entre antigos militares e famílias. Foi a última vez que nos achámos de saudades com o cabo Vicente e o soldado Leal, ambos do PELREC - entretanto falecidos.
Desse dia recordo também o feito notável (e provavelmente irrepetível...) de um companheiro que, para lá estar, fez mais de 400 quilómetros de motorizada. Sozinho! «Tinha de estar, tinha de estar...», dizia e repetia ele, com os olhos a rir de alegria. Ainda hoje acho isso verdadeiramente extradordinário!
A CCS, entretanto, voltou a reunir a 27 de Setembro de 1997, num encontro organizado pelo (furriel) Monteiro. Ver AQUI. Volta a reunir a 12 de Setembro de 2009, na Estalagem da Pateira, em Fermentelos (Águeda).
Anteontem, à conversa de café, fiquei a saber que outro conterrâneo ribeirense passou por terras do Quitexe - Quitexe, Zalala, Zala, Quipedro, Santa Isabel, Aldeia Viçosa, Dange, Nambuangongo, Liberato, Santa Eulália, entre outras terras-mártires do norte de Angola, nos anos 61 e 62 do século passado: José Oliveira Martinho, agora aposentado da PSP.
Narrar aqui os dramas dos grupos de militares que, a esse tempo, enfrentaram as dificuldades do chamado terrorismo, é como chamar paraíso ao período que por lá passámos. Direi que andaram nove meses sem se deitarem numa cama, sequer num colchão. Que desbravaram picadas e construíram pontes, invadiram «aquartelamentos», limparam suor feito de sangue dos rebentamentos de bombas e minas, do deflagrar de granadas, do efeito mortífero de rajadas..., que sei eu?!
Natural de Tarouca, apaixonou-se por Angola, por lá ficou, entrou na PSPA, casou com a Maria Emília (ela, daqui...) e regressou em 1975, progrediu na carreira e chegou a dirigir a Secção de Justiça da PSP de Aveiro, durante 11 anos. É secretário da Assembleia de Freguesia de Ois da Ribeira e perguntar por ele, por aqui, é perguntar pelo homem dos pombos! É columbófilo «doentio».
- PSPA: Polícia de Segurança Pública de Angola.
Quitexe era o nosso pequeno-grande mundo, o centro das nossas vidas, num tempo em que, em Portugal (continental) se incendiavam paixões e exageros revolucionários. Chegáva-nos o Expresso e o Jornal de Notícias dos fins de semana e cada edição era uma surpresa. E nem sempre a melhor!
Por lá, entre patrulhas, escoltas e operações militares, lá íamos nós pendurando o nosso tempo no calendário. Houve notícia do levantamento de uma mina anti-carro, numa picada para os lados do rio Calambinga e da realização de contactos directos com o IN, nos lados de Vista Alegre. Havia, por esse tempo, a convicção de que as actividades de guerilha iriam acabar, depois da proclamação do Presidente António Spínola - sobre o direito à auto-determinação e independência dos territórios ultramarinos - mas a verdade é que, nunca fiando, o melhor era aprudentarmos as nossas actividades. E assim foi feito, com redobrados cuidados.
A 22 de Agosto conheci a fazenda do Liberato - onde estava CCAC 209, principalmente formada por angolanos, com furriéis e oficiais milicianos idos de Lisboa. O PELREC escoltava o comando de batalhão, para reuniões com os responsáveis locais e depois de passarmos por Vista Alegre.
Soube mais tarde, já em Portugal, que estava lá o Zé Marques, do Caramulo, meu companheiro de escola em Águeda. Que não vi! Lá, ele era o furriel Oliveira, amanuense, e por uma qualquer razão não me cruzei com ele nos pares de horas que por lá estive. E mesmo perguntando eu se por lá estava alguém de Águeda, a verdade é que ele (ou outros) responderia sempre que era do Caramulo. Perdi o gosto de o abraçar!! Ainda hoje, na Caixa Geral de Depósitos (onde ele trabalha) falámos do Liberato e do regresso dele a Portugal - chegando a casa na véspera de Natal de 1974.