Questões em que estivessem metidos o Neto e o Viegas, era sempre coisa delicada, nos entrementes da CCS do BCAV 8423. Se a eles se juntasse o Machado, a coisa já levava cheiro que esturrasse. Haveria moiro na costa.
Um belo princípio de tarde, lá por Janeiro de 1975, um a um e sem que nenhum soubesse um dos outros, fomos chamados ao comando. Achámo-nos no comum, à porta de entrada do gabinete. «O que é fazes qui, pá...?», foi a pergunta entre pares. Chamou-nos de imediato, o imediato do 1º. sargento Luzia: o capitão Oliveira queria falar connosco. Pronto, «há m...». Havia.
O bom do capitão Oliveira, que a vida já levou, não era propriamente o melhor amigo dos dois furriéis de Águeda ( o Neto e eu), por contas de outro rosário. Juntar ao interrogatório o Machado, era uma surpresa.
Fomos os três interpelados, de dedo em riste, como se estivéssemos na ponta da baioneta. «Vocês isto e vocês aquilo, o RDM, as NEP´s...», blá-blá-blá, acusou-nos o capitão. E líamos-lhe nos olhos que nos esperava o degredo, dias de detenção, prisão, eu sei lá..., tudo ali na frente dos nossos olhos e emoções. Abrimos a boca de espanto. Nós éramos bons rapazes, o que queriria o nosso comandante de Companhia, a gloriosa CCS do BCAV 8423?!
Irrompeu o Machado, nervoso, impulsivo, respondão: «O meu capitão não nos pode acusar de nada...». E acusados éramos de desrespeitar as regras militares e termos sugerido reacções colectivas, perigosas, anti-regualmentares, penalizáveis. Estou a ver Machado: 1,60 de altura, de dedo no ar, empolgado e revoltado, em esgares de nervosismo (in)controlado. «Não nos pode acusar de nada... O meu capitão está a desrespeitar-nos....».
Soltou-se o Neto, não menos respondão que o Machado: «O meu capitão não tem razão. Há muito tempo que anda a querer pegar-se comigo e com o Viegas...». E atirou uma mão-cheia de argumentos que desestabilizaram as razões que o capitão Oliveira assumia ter contra nós, influenciado por alguém e para nos julgar e castigar.
«Não lhe admito, desculpe...», sustentava o Machado. «O meu capitão está mal informado...», sublinhava. E ninguém o segurava, de tanto impulso e por se sentir injustiçado, gesticulando e gritando. Injustiçados todos nós. E estava eu ali para entrar na conversa, no minúsculo gabinete do comandante da companhia, um acimentado desconfortável, onde muita coisa da CCS se decidia.
O Neto, vigoroso e interveniente, nada boca-calada, soltou mais argumentos e falei eu, meio filho da mãe, refilão e contestatário...: «É inacreditável, meu capitão....».
E ressoltou o capitão Oliveira as NEP´s, de olhar fulminante, acusando-nos de desestabilizadores. «Nós somos os mesmos que todos os dias estamos dispostos a sacrificar a vida pela segurança de toda esta gente. Pela sua segurança, pela sua vida... pela vida de toda a gente da CCS», recalcitrei-lhe eu, da forma mais ordinária e emotiva que pude.
O capitão chamou-nos um nome, que não repito aqui. E morreram muitos ódios naquele momento. E nem conto os nomes que, os três, chamámos logo depois aos que pusemos no nosso tabuleiro acusatório - os culpados desde dedo em riste do capitão Oliveira. Há coisas que não esquecem! Estávamos inocentes!
Um belo princípio de tarde, lá por Janeiro de 1975, um a um e sem que nenhum soubesse um dos outros, fomos chamados ao comando. Achámo-nos no comum, à porta de entrada do gabinete. «O que é fazes qui, pá...?», foi a pergunta entre pares. Chamou-nos de imediato, o imediato do 1º. sargento Luzia: o capitão Oliveira queria falar connosco. Pronto, «há m...». Havia.
O bom do capitão Oliveira, que a vida já levou, não era propriamente o melhor amigo dos dois furriéis de Águeda ( o Neto e eu), por contas de outro rosário. Juntar ao interrogatório o Machado, era uma surpresa.
Fomos os três interpelados, de dedo em riste, como se estivéssemos na ponta da baioneta. «Vocês isto e vocês aquilo, o RDM, as NEP´s...», blá-blá-blá, acusou-nos o capitão. E líamos-lhe nos olhos que nos esperava o degredo, dias de detenção, prisão, eu sei lá..., tudo ali na frente dos nossos olhos e emoções. Abrimos a boca de espanto. Nós éramos bons rapazes, o que queriria o nosso comandante de Companhia, a gloriosa CCS do BCAV 8423?!
Irrompeu o Machado, nervoso, impulsivo, respondão: «O meu capitão não nos pode acusar de nada...». E acusados éramos de desrespeitar as regras militares e termos sugerido reacções colectivas, perigosas, anti-regualmentares, penalizáveis. Estou a ver Machado: 1,60 de altura, de dedo no ar, empolgado e revoltado, em esgares de nervosismo (in)controlado. «Não nos pode acusar de nada... O meu capitão está a desrespeitar-nos....».
Soltou-se o Neto, não menos respondão que o Machado: «O meu capitão não tem razão. Há muito tempo que anda a querer pegar-se comigo e com o Viegas...». E atirou uma mão-cheia de argumentos que desestabilizaram as razões que o capitão Oliveira assumia ter contra nós, influenciado por alguém e para nos julgar e castigar.
«Não lhe admito, desculpe...», sustentava o Machado. «O meu capitão está mal informado...», sublinhava. E ninguém o segurava, de tanto impulso e por se sentir injustiçado, gesticulando e gritando. Injustiçados todos nós. E estava eu ali para entrar na conversa, no minúsculo gabinete do comandante da companhia, um acimentado desconfortável, onde muita coisa da CCS se decidia.
O Neto, vigoroso e interveniente, nada boca-calada, soltou mais argumentos e falei eu, meio filho da mãe, refilão e contestatário...: «É inacreditável, meu capitão....».
E ressoltou o capitão Oliveira as NEP´s, de olhar fulminante, acusando-nos de desestabilizadores. «Nós somos os mesmos que todos os dias estamos dispostos a sacrificar a vida pela segurança de toda esta gente. Pela sua segurança, pela sua vida... pela vida de toda a gente da CCS», recalcitrei-lhe eu, da forma mais ordinária e emotiva que pude.
O capitão chamou-nos um nome, que não repito aqui. E morreram muitos ódios naquele momento. E nem conto os nomes que, os três, chamámos logo depois aos que pusemos no nosso tabuleiro acusatório - os culpados desde dedo em riste do capitão Oliveira. Há coisas que não esquecem! Estávamos inocentes!
1 comentário:
Do capitão Oliveira tenho várias e não menos boas recordações. Mas já lá vamos; ao fazer trinta e três dias de Quitexe fui finalmente requesitar a minha cama porque entretanto estive no SPM e só depois tive oportunidade de dormir numa cama. "Ele" muito admirado (só agora é que vens requesitar a tua cama?)é caso para dizer é isto um comandante de companhia? Mas neste comentário em que entra o ex furriel Machado eu só posso dizer ao grande amigo, não esperava outra coisa daquele que tratava este e aquele, ou por dá cá aquela palha, por "BEDUINO". Machado grande abraço.
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