em 1974. Ao natural, em baixo, e «recauchutados», em cima.
O primeiro dia por inteiro, no Quitexe, foi uma 6ª. feira, acordada em calores que nos transpiravam o corpo todo, numa madrugada que entrou pelo quarto dentro, assim de repente, sem nos pedir licença.
Bem ao meu hábito, levantei-me cedo e pus-me a espreitar pela janela das traseiras, que dava para uma xitaca de muitos verdes e de onde se ouviam ruídos nada estranhos aos nossos ouvidos: ele eram cacarejos de galinhas e patos que grasnavam, eram porcos que grunhiam, um ou outro silvo. Desfiz a barba, calmamente, ainda não eram 6,30 horas, transpirava por todos os poros e já sabia que tinha de acordar o Neto. Matabichámos na messe de sargentos e pela manhã fora andámos em primeiros actos de serviço, que viriam a ser rotinas: aqui era a secretaria da CCS, acolá o comando do batalhão, o parque-auto, as casernas, a enfermaria, as transmissões, o refeitório, as messes. Interessava-nos a nós alguma privacidade para o nosso pelotão, que era o único operacional da CCS e ficou em caserna exclusiva. Por ela batalhou principalmente o Alferes Garcia.
Chegou a hora do almoço e a tarde foi para conhecer o Quitexe: os bares (principalmente os bares!...), as ruas, a administração civil, o hospital, os Correios, as pessoas! Ficámos bem impressionados!
Outra surpresa, e boa!, foi a de vermos muitos civis brancos, que nos olhavam curiosos e meio de soslaio, diria até que desconfiados, perguntando um ou outro de onde éramos! O reconhecimento à vila deixou-nos muito tranquilos. Afinal, havia aquela ideia de que íamos para o mato, para um «buraco»..., e as leituras sobre o Quitexe, em texto e imagem, tinham-nos criado alguns constrangimentos. Ficámos confiantes e mandei o meu primeiro areograma para Portugal. Com o do Neto, escrito o dele na véspera e eu ali num instante: «Mãe, já estou na terra onde vou ficar. Chama-se Quitexe e é na zona onde se apanha o café. Falei em Luanda com o Albano e o José Bernardino e já sabia mais ou menos o que vínhamos encontrar! É uma vila, com duas ruas principais e fica a 300 e tal quilómetros de Luanda. No caminho, encontrei o Neca Taipeiro, que trabalha num bar, diga aí à família...».
Jantámos, demos outra volta pela vila e... ala para vale de lençóis, que se fazia tarde!
Jantámos, demos outra volta pela vila e... ala para vale de lençóis, que se fazia tarde!
- XITACA: Aos nossos costumes agrícolas, é uma espécie de mistura de pomar com horta.
- ALBANO E JOSÉ BERNARDINO: Os irmãos Resende (com o Manuel), conterrâneos que residiam em Luanda.
- NECA TAIPEIRO. Manuel Ferreira Simões dos Reis, conterrâneo que foi o primeiro militar ribeirense em Angola. Com o Lito. Voltou, como civil. Ainda hoje é aqui vizinho.
3 comentários:
Olhem para estes dois bonitões do quitexe, eram como o roque e a amiga. Abração,
São estes os tais furrieis gémeos do quitexe, era dois tipos porreiraços. o neto era dos que berraba muito e tinha um coração de ouro, o viegas era mais dos que não brincava em serviço, mas era tum gajo bestial, não lhe conhecia esta veia literária e estou verdadeiramente admirado...
Vasco
Sempre gostei destes dois furrieis eram como o roque e a amiga...
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