sábado, 13 de junho de 2009

Aldeia Viçosa e Santa Isabel, «casas" de outros cavaleiros

Aldeia Viçosa, em cima, vista aérea de meados dos anos 60
(da net) e o Tenente-Coronel Almeida e Brito (ao lado)

Havia alguma curiosidade, nossa, em conhecer os locais onde estavam as três companhias operacionais do BCAV 8423. Curiosidade aguçada pelo desejo de reencontrar os amigos feitos nos meses de preparação militar em Santa Margarida e que diferentes partidas para Angola tinham feito desencontrar. Nós, sentíamos-nos bem pelo Quitexe! E eles?! Como se sentiriam eles nas suas novas «casas»!?
A oportunidade surgiu a 26 de Junho de 1974, quando nos juntámos ao grupo que, de Carmona, escoltava os comandantes da Zona Militar Norte (General Altino de Magalhães) e do Comando de Sector do Uíge (Coronel Tirocinado Bastos Carreiras), a quem, no Quitexe, se juntou o nosso comandante - o então Tenente-Coronel Almeida e Brito (foto).
«Cuidado, atenção... vão escoltar os mais altos comandos militares da ZMN», avisou-nos que devia avisar - ao aviso juntando um rol de recados que agora não vem ao caso.
Lá fomos nós, e sem quaisquer problemas, na verdade, embora de olhos sempre bem abertos e sentidos bem apurados.
Aldeia Viçosa, por onde já tínhamos passado (na viagem de Luanda), era a "casa" da 2ª. CCAV. Lá encontrei o Matos, o Brejo, o Melo, o Letras, o Guedes, o Chitas. A vila, porventura mais pequena que o Quitexe, era bem agradável - nada de ser o tal "buraco" de que sempre nos falavam, a falarem de Angola. A 3ª. Companhia estava em Santa Isabel e lá galgámos a picada, ate à fazenda onde «moravam» os nossos companheiros. Tempo para, no bar, matar as sedes que se faziam do pó fino da picada, e do calor, e de trocar impressões sobre a «guerra». Por lá estavam o Reina, o Gordo, o Carvalho, o Flora, o Rodrigues, o Fernandes - só para falar dos mais próximos! Tudo gente bem disposta e tranquila.
As impressões trocadas, num e outro lado, deixaram-nos muito descontraídos e confiantes. Afinal, o admastador de medos que se tinha das traições e perigos da mata não seria coisa que «matasse» a nossa confiança! Confiança, aliás, reforçada por um relevante pormenor: se os mais altos comandos militares circulavam com a tranquilidade que vimos e sentimos - e eles teriam informações (secretas) que nós não naturalmente não conhecíamos - pois havia que termos serenidade e desafogo emocional.
Por conhecer ficou a famosa picada para Zalala, onde «acampou» a 1ª. Companhia. Foi a um outro dia!
- MATOS. Mário Augusto da Silva Matos. Furriel miliciano atirador de cavalaria. Actualmente, administrativo em Anadia.
- MELO: José Fernando Noro Dias de Melo, idem, de Alfarelos. Agente da GNR
- BREJO: João António Piteira Breja, idem, de Montemor-o-Novo. Trabalhador de Serviços
- GUEDES. António Artur César Monteiro Guedes, idem, de Peso da Régua. Sargento-Mor da GNR.
- CHITAS. António Milheiros Courinha Chitas, idem, de Gavião. Desconheço a actividade.
- LETRAS. António Carlos Dias Letras. Furriel de Operações Especiais, de Setúbal. Empresário.
- REINA. Armindo Henrique Reina. Idem, de Belmonte.
- GORDO. António Luís Barradas Mendes Gordo. Furriel miliciano atirador de cavalaria. Funcionário municipal em Alter do Chão.
- CARVALHO. José Fernando da Costa Carvalho, idem, aposentado da PSP, no Entroncamento.
- FLORA. António Pires Flora, idem, quadro da Caixa Geral de Depósitos, em Lisboa.
- FERNANDES: António da Costa Fernandes, idem, professor, de Lomar (Braga).
- RODRIGUES. Augusto Rodrigues. Alferes miliciano de Operações Especiais, quadro dos Serviços de Meteorologia do Aeroporto de Lisboa.

7 comentários:

QUITEXE disse...

Muitos sustos me pregou o comandante, alguém sabe se ele já faleceu! Era uma gramde autoridade!

QUITEXE disse...

Aldeia Viçosa, ainda vá lá ora Santa Isabel ou Zalala, pelo amor de Deus, que sítios...

Anónimo disse...

Todos os dias visito este blog.
Parabéns Sr. Viegas pelos testemunhos que nos deixa do nosso Quitexe.
O Comandante Almeida e Brito à 3 anos. Foi um grande Homem.
Foi este Comandante que liderou a coluna militar efectuada em 1975, entre Quitexe e Luanda... talvez no mês de Setembro?!
Os primeiros tiroteios no Quitexe começaram no dia 1 de Junho de 1975.
Eu sou filha do Guedes, infelizmente já falecido à 16 anos, a nossa casa é uma amarela que aparece num dos videos do Franklin (meu primo), ficava entre a casa do Sr. Topete e o campo de futebol.
Lembro-me de alguns militares frequentarem a nossa casa, o Comandante Almeida e Brito era um deles.
Apesar de ter vindo com 1o anos, tenho boas memórias e recordações do Quitexe.
genagduarte@gmail.com

Anónimo disse...

Por lapso no meu comentário falhou uma palavra. O Comandante Almeida e Brito falaceu à 3 anos.

Anónimo disse...

É com tristeza que estou a ter conhecimento do falecimento do pai da D. Gena, o Sr. Guedes. Foi um dos civis com quem mais privei e com orgulho o digo. Quando fui mordido pelo cão fez-me uma visita e durante quase um ano fez graça com isso. Afinal, tinha estado com ele momentos antes. Conheci-o em Abril de 72, quando estava a almoçar no Topete. Meti conversa com ele porque achei curioso o facto de estar a trabalhar um pau meticulosamente. Foi o início duma conversa que durou um ano, ou seja, até eu ser transferido.
Quero que saiba da honra de com ele ter privado.
Os meus cumprimentos
A. Casal

Viegas (ex-furriel miliciano) disse...

Meus caros:

O Comandante Almeida e Brito - Carlos José Saraiva de Lima Almeida e Brito - faleceu há três anos, no decorrer de uma visita a Espanha, em passeio. Estava a fotografar o grupo excursionista e caiu, de forma fulminante, ainda segurando a máquina fotográfica. Este testemunho foi-me dado pela viúva, há quatro semanas.
Atingiu a patente de general - era tenente coronel quando comandou o BCAV 84233 - e, entre outras funções, foi segundo comandante da Região Militar Centro (com o general Pires Tavares, meu conterrâneo de Águeda), 2º. comandante da GNR (com o general Tomé Pinto) e comandante da Região Militar Sul.
Privou connosco em vários encontros do BCAV 8423.

Viegas (ex-furriel miliciano) disse...

Meus caros:

O Comandante Almeida e Brito - Carlos José Saraiva de Lima Almeida e Brito - faleceu há três anos, no decorrer de uma visita a Espanha, em passeio. Estava a fotografar o grupo excursionista e caiu, de forma fulminante, ainda segurando a máquina fotográfica. Este testemunho foi-me dado pela viúva, há quatro semanas.
Atingiu a patente de general - era tenente coronel quando comandou o BCAV 84233 - e, entre outras funções, foi segundo comandante da Região Militar Centro (com o general Pires Tavares, meu conterrâneo de Águeda), 2º. comandante da GNR (com o general Tomé Pinto) e comandante da Região Militar Sul.
Privou connosco em vários encontros do BCAV 8423.