Pouco me lembro disso, para além de uma (im)pertinente pergunta do (1º. cabo miliciano) Machado e das dúvidas dos soldados (e de todos nós): «Ainda vamos para Angola?». E de todos estarmos com uma pressa danada, depois de sabermos que tínhamos fim de semana.
Almoço para dentro do estômago, logo foi tempo de o velho SIMCA 1100 do Neto galgar os quilómetros que nos separavam de Águeda. Em Coimba, à saída da ponte e entre as duas estações da CP, estavam milhares e milhares de pessoas, em manifestação, vitoriando o MFA. Não sei, mas ainda na 6ª. feira, a falar com o Neto, ambos mantemos a dúvida: o carro andou ou não andou pelo ar? Cá para mim, andou, à força dos braços do povo que o levantou frente ao Hotel Astória. Foi este, talvez, o momento mais empolgante dos meus dias desse Abril que se abria para o país. E de faz hoje 36 anos bem me lembro que, chegado a casa, fui ter com a minha mãe, que sachava milho na Codiceira, mesmo á beira da pateira.
«Então, ainda vais lá para fora?...», perguntou-me ela, talvez ansiosa. Disse-lhe que sim, que ia. E trouxe-lhe o carro de mão carregado de milho para casa.
1 comentário:
Gostei de ler estas coisas..
Enviar um comentário