domingo, 18 de abril de 2010

Palestras orentadoras para as primeira eleições depois de Abril

Férias em Nova Lisboa, capital do Huambo (Abril de 1975) e correio

com notícias (políticas) de Portugal (em baixo)






Portugal preparava-se para as primeiras eleições e, em Angola, os Cavaleiros do Norte «casavam» os momentos de alguns frissons de rua com sessões de esclarecimento político. Afinal, ia-se votar - o que, para todos, era uma grande novidade.
Não assisti a nenhuma, pois andava lá pelos suis angolanos, em gozo de férias e até pouco «sensibilizado» para a «coisa», mas chegaram comentários alarmantes de Portugal (imagem ao lado). «Depois da euforia, começa a temer-se coisas chatas, há muitas dúvidas entre o povo que não entende nada do que os políticos dizem e se diz enganado. Não sei onde isto irá parar...», escrevia-me pessoa amiga, em correio para Nova Lisboa, dando-me nota dos fervores revolucionários que por cá se viviam.
«Eu sei que nem devo estar a incomodar-te com estas coisas, pois precisas é de gente que te anime, mas eu acho que isto pode realmente dar em estardalhaço...», confidenciava-me o correio chegado de Portugal. Por sinal, de gente colocada na área de esquerda. E bem de esquerda. O pai era delegado sindical, entre UDP e PCP.
Carmona, essa continuava a «arder», com regulares escaramuças entre FNLA e MPLA. E preparavam-se as eleições de 25 de Abril de 1975. O BCAV. 8423 foi encarregado de distribuir as urnas de votos e, para esclarecer os «cavaleiros», realizaram-se as tais sessões de esclarecimento, a 16 e 23 de Abril.
O Livro da Unidade usa um preciosismo - eram, afinal, «palestras orientadoras» - para definir tais sessões, que mais tarde o Neto me veio dizer, respondendo a pergunta minha, que «foram uma confusão....». «Vieram para aí dizer umas coisas mas eu acho que ninguém entendeu nadinha...», disse ele, que até era dos mais esclarecidos.
Só por curiosidade, por conversas entre «cavaleiros», dir-se-ia que a maioria andava pela esquerda e pelo PPD, com franjas muito minoritárias do CDS. Mas, na verdade, ouso dizer que a malta, quase toda a alta, não entendia nada do assunto e as nossas «ideias» reflectiam muito do correio que nos chegava de Portugal.

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