O jardim do Quitexe, aos idos dias de 1974/75, foi espaço de muitos passeios e «estratégias», não digo militares, mas... sociais. Passear por ali, descontraídamente e nomeadamente aos fins de semana, era sempre uma boa oportunidade de pôr os olhos em coisa, ou algo, ou alguém, que nos consolasse a vista!
Sei de quem (mas não digo), quem por ali contou passos sem fim só para ver passar, ao menos ver passar..., uma(s) certa(s) cachopa(s) que era(m) motivo de muitos sonhos. E era, é bem verdade, um bom sítio para matar saudades das idas a bailes e festas, às romarias que engravidavam a nossa juvenil ou adolescente alegria pré-militar!
Uma noite, por ali passava eu de patrulha, com o Madaleno e o António, vínhamos do Posto 5, a fazer ronda pelas vigias da vila, quando avistámos, meio furtivo, o caminhar apressado de um companheiro da guarnição. À civil, coisa meio anormal para a hora. Ali havia gato, assim parecia!!!Caminhava muito encostado às paredes da rua de cima, olhando para todos os lados - parecendo não nos ver a nós!
Uma noite, por ali passava eu de patrulha, com o Madaleno e o António, vínhamos do Posto 5, a fazer ronda pelas vigias da vila, quando avistámos, meio furtivo, o caminhar apressado de um companheiro da guarnição. À civil, coisa meio anormal para a hora. Ali havia gato, assim parecia!!!Caminhava muito encostado às paredes da rua de cima, olhando para todos os lados - parecendo não nos ver a nós!
Resolvemos pregar-lhe um partida: tu por aqui, tu por acolá, cercámos o nosso homem, antes de ele passar a casa dos Correios. Emboscámo-lo! Literalmente!!! Acagaçou-se ele, coitado, apanhado assim de chofre, iam quase a passar as duas horas da manhã e cacimbava, a pouco tempo do alvorecer de um domingo de missa na Igreja da Mãe de Deus de lá da vila!
Dissemos o que tínhamos a dizer, rigidamente, autoritariamente!, impondo as regras, blá-blá-blá..., e o nosso homem sem dizer uma palavra, apenas riscava as unhas na cabeça! «Sabe, é o pincel, o pincel...» , titubeou o nosso homem, algo aturdido!
«O pincel!...», perguntei eu. E riam-se o António e o Madaleno! A gozar comigo!
Bom, o nosso homem vinha do Kadilong(u)e, uma sanzala dali ao lado, e, por ver tropa na entrada do aquartelamento, resolvera passar para a rua de cima! Pôs-se na boca dos lobos: eu, o António e o Madaleno!
Nessa tarde, fomos beber umas cucas ao Pacheco, para desanuviar! Pagou o furriel! E fiquei a saber que, afinal, o pincel tinha a ver com o molhar! Molhar o pincel!!! Ele há cada maneira de chamar nomes às coisas!
3 comentários:
Ó amigo Viegas, eu nem devia comentar!... Então não percebeu logo que o emboscado era pintor e os artistas se inspiram na noite?!
Vá lá... ainda bem que o homem já tinha a obra concluida porque caso contrário lá se ia a inspiração!
A. Casal
E que grandes pinturas, com as telas na base do preto...
Brinquei muitas vezes neste jardim...
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