esquerda, ia-se para o Quitexe e Luanda
(Furriel) José A. Monteiro
A dada altura, aí por Abril ou Maio de 1975, apareceram no BC12, em Carmona, um capitão e um tenente da Comissão de Saneamento e era preciso levá-los ao aeroporto do Negage, para seguirem para Luanda. Pareceu-me bem ir «dar uma volta», não escalei ninguém e, com o condutor do Comandante, lá fomos levar os figuraços.
A viagem corria bem, até que em sítio que a estrada começava a ter declive acentuado, a viatura fez vários peões e caiu pela ravina - completamente aos trambolhões. O jipe ficou logo sem a capota traseira e eu fui cuspido. O capitão com a perna partida e fractura exposta, o tenente com um grande golpe nas costas, eu com o camufulado completamente rasgado e pequenas escoriações e o condutor completamente ileso, sem um arranhão.
A dose, a bem dizer, foi conforme a graduação.
Mas isto não iria ficar por aqui. Ao ouvir uma viatura, ao longe, corri para a estrada a pedir socorro. Era um abastado fazendeiro, de Mercedes, que, ao ver-me de repente a aparecer na sua frente, no meio da estrada, ficou algo confuso, pois não via mais ninguém, o que lhe terá parecido surreal.
Lá parou, expliquei-lhe o que tinha sucedido e que era preciso ir rapidamente a Carmona buscar uma ambulância. Avisei o condutor e o tenente, sugeri que não mexessem no capitão, por causa da fratura exposta.
«Voámos» até Carmona e de imediato seguiu uma ambulância, ficando o parque-auto a mobilizar-se para ir buscar o jippe. Ao local do acidente, vejo uma carrinha de caixa aberta cheia de nativos e com o capitão deitado em cima das almofadas do jippe. De nada tinham valido as recomendações feitas para não mexerem no capitão. Foi pegar nele, metê-lo na ambulância e seguir rápido para o Negage. Foi logo evacuado para Luanda.
Mas o dia estava ainda para nos pregar mais surpresas. Já no regresso a Carmona e ao chegar ao local do acidente, vejam: a Berliet que tinha saído em socorro, estava de rodados para o ar, em plena estrada. Constatou-se que havia naquele sítio uma grande mancha de óleo, que atravessava a estrada de lés-a-lés e seria o motivo dos acidentes. Não sabemos se foi obra do acaso, ou se foi posto para causar baixas à tropa. Os militares da berliet, felizmente pouco ou nada tiverem.
Ao oferecer-me voluntário para esta missão, a coisa podia ter corrido para o torto.
Sem comentários:
Enviar um comentário