sexta-feira, 31 de julho de 2009

Direito à auto-determinação e independência de Angola...


Mapa de Angola, A Província do Uíge, a verde, onde ficavam Quitexe, Aldeia Viçosa, Zalala, Santa Isabel, Vista Alegre e outras localidades por onde «missionou» o BCAV 8423

Fez agora 35 anos, a 27 de Julho, que o Presidente da República António de Spínola fez a histórica declaração sobre os territórios africanos administrados por Portugal e rafirmou o reconhecimento do direito à sua auto-determinação e independência.
Relativamente a Angola, o caso que nos interessava, o Governo Português reconhecia esse direito e anunciava-se (à ONU), disposto a aplicar as decisões das Nações Unidas a este respeito.
A notícia chegou ao Quitexe, de forma oficial, faz hoje 35 anos. Fomos (alguns)informalmente chamados à sala do Gabinete de Operações (GO) e lá nos foi dito que havia a intenção de estabelecer, em breve, contactos com os movimentos de libertação, de modo a poderem iniciar-se, logo que possível, negociações formais. Tudo bem! E quando vamos embora? Isso é que ninguém sabia. Para já, para já, há 35 anos..., registei eu (e todos) que a missão das Forças Armadas passava especialmente a vocacionar-se para a garantia da segurança das populações e construção de uma Angola nova, em ambiente de paz e fraternidade. As acções militares passavam a a funcionar de forma limitada e em defesa própria e a garantir a vida e bens da população.
O anúncio deixou-nos algo constrangidos: em defesa própria? Então já não era? Alguém nos explicou que deixávamos de ter acções ofensivas.
Reuniu logo depois o «comité» dos furriéis mais envolvidos: então vai agora vigorar aquela história de levar o tiro no pêlo e só disparar depois? Nãããã... não íamos nessa! Alguém mais ponderado nos sensibilizou para esperarmos e vermos! E assim fizemos, mas não sem nos dispensarmos de uma conversa «pé de orelha» com o comandante Almeida e Brito. Que nos descansou os receios, mas não sem um raspanete: «Deveriam ter falado primeiro com o comandante do pelotão e da Companhia...» - respectivamente, o alferes Garcia (que até estava no GO e assistiu à cena) e de Companhia (o capitão Oliveira).
- MOVIMENTOS. Vulgarmente denominados por terroristas. Operavam três em Angola, mas no Uíge era essencialmente a FNLA. O MPLA não só viria a instalar-se em 1975. A UNITA não operava na província.
- FNLA. Frente Nacional de Libertação de Angola, dirigida por Holden Roberto. Sucessora da UPA - União dos Povos de Angola.
- MPLA. Movimento Popular de Libertação de Angola, liderada por Agostinho Neto.
- UNITA. União Nacional para a Independência Total de Angola, dirigida por Jonas Savimbi.

2 comentários:

Anónimo disse...

Em 1972/1973, em algumas zonas, as acções ofensivas já não eram tão frequentes e em 1974 já se tornavam esporádicas. Estas "contracenavam" com a instaurada "psico" e ás vezes resultava em salada russa! Não se sabia muito bem o que era o quê!
Por isso mesmo, muitas as vezes antes das operações, se perguntava: «Então e como é que é?!»...Resposta: «Ó pá... vamos ver...»
Mas essa de primeiro no pêlo, nãããão!
Casal

Oliveira disse...

Nós pensávemos que vínhamos emboralogo a a seguir mas ainda gramámos lá mais de um ano...