Um dia, decidimos - eu e mais dois «artistas»... - fazer-nos de madrinha de guerra (a caminhar para namorada...) de um jovem cavaleiro sem epístolas que lhe matassem as saudades, ou cozinhassem paixões!! Fizemos a coisa bem feita: a Filomena, assim se chamava a cachopa, era filha de fazendeiro rico, estava em Luanda (era estudante...) e rapariga sonhadora, recatada, introvertida..., que procurava um príncipe encantado mas tinha muito receio de se relacionar com militares. Conhecera o nosso cavaleiro numa passagem breve pelo Quitexe, em visita à família, mas até tinha medo de se identificar. Iriam conhecer-se melhor pelo correio.
Abreviando a história, iam-se conhecendo em... excesso! Quero dizer, o nosso cavaleiro «picou as esporas» à paixão e enamorou-se por quem não existia! Andava transfigurado, entusiasmado, enamorado!! Era uma paixão assolapada, daquelas de cair de queixos!
A coisa não podia continuar assim e tivemos de o «desiludir», a Filomena não existia!!! Foramos nós quem a «inventara», porque o quiseramos ajudar, sentindo-o psicologicamente em baixo, cheio de amarguras. «Ó coiso, desculpa lá...». Não desculpou, cortou relações, amuou, tratou-nos mal.
Uma noite, dias depois, chamou-me para jantar. Lá fomos ao Rocha. Perguntou-me, de rajada: «A miúda não existe mesmo?!...».
Encalacrei-me. Apeteceu-de dizer que sim, sim senhora, nós até sabíamos quem ela era, mas tive de o roubar ao éden que ele sonhava. Desiludi-o! Comemos e bebemos, mas sem mais falar no assunto. Em clima tenso! De regresso ao aquartelamento, ia ele a tropeçar nele, e perguntou-me: «Ó pá, como é que eu caí nesta?!...». E riu-se, riu-se à gargalhada. Nervoso e desiludido!
Rimo-nos ambos, até à deita! Tem hoje dois filhos e já é avô! Achou pouco depois o seu amor de uma vida toda!
NOTA: Este «cavaleiro» existiu mesmo e ainda hoje somos amigos, daqueles que trocam telefonemas de Natal.
3 comentários:
Paixões oferecidas de mão beijada?!
Era uma vez um militar a prestar serviço em Luanda, decorria o ano de 1967 ou 68. Conhecido na cidade a Poente da minha aldeia como um entendido do sexo oposto, dizia-se que passava horas a falar dos seus troféus que ninguém via!
Mais de um ano "namorou" uma beldade da sua terra, sabendo "esta" que ele tinha namorada real.A morada era dum amigo que planeava «mudar» de casa pouco antes da sua chegada. O diacho é que o dito militar quis fazer uma surpresa´à amada com a sua chegada! A coisa estava a ficar feia mas o meu amigo teve a sorte pelo seu lado. A sorte e, disse, o seu pai com quase dois metros de altura.Juro que só esvrevi a primeira,para as outras não tinha vagar, tinha que trabalhar.Enfim, coisas que não lembram ao diabo!
A. Casal
Não percebi a história, Casal... explica lá melhor, se fáxavor...
Eu explico:
Bastos era o famoso "engatatão" da cidade de Leiria. Havia até quem o venerasse!Palestrava sobre as suas conquistas mas troféus ninguém via. Os mais crentes faziam roda, pensando até estar a aprender alguma coisa.Em 67, penso, foi mobilizado e ficou em Luanda.A namorada dele era da Marinha Grande, a quinze quilómetros. Então o que é que o meu grupo de malucos fez?!
Conseguimos a morada dele em Angola e com um nome feminino enviámos-lhe a primeira carta com a fotografia duma espanhola que o meu amigo tinha conhecido no passeio de finalistas. Confesso que escrevi esta carta, mas só o rascunho porque tinha que ser com letra redonda! Foi a única da minha autoria.Era arrebatadora e o Bastos ficou de rastos!Claro que durante cerca de um ano, o pessoal foi gozando! Ora, o meu colega para onde ele dirigia a correspondência, tinha que se acautelar. Assim, cerca de um mês ou dois antes, comunicaria para Luanda a mudança de residência, para não se apanhado! Porém, aconteceu que o apaixonado do outro lado do mar teve a infeliz ideia de não avisar da sua chegada, optando por fazê-lo de surpresa. Dirigiu-se à morada e ao falar com o pai do meu amigo, concluiu ter sido enganado ficando ferido no seu orgulho de engatatão. O meu amigo Cristóvão (bom rapaz), estava em casa a ouvir tudo mas teve que descer à rua por ordem do pai. Foi aí que tudo azedou e foi aí que os quase dois metros do progenitor fizeram a diferença! Falámos disto em Maio no almoço de antigos alunos e tive a sensação que ao abordar o o tema ainda olhou ligeiramente para o lado!
As tais coisas que não lembravam ao diabo, lembravam à miudagem!
Tudo explicadinho amigo Oliveira
A. Casal
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